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Flotilha Global Sumud: 1º deportado da delegação brasileira chega ao país nesta segunda

Calabrese estava no barco Sirius, interceptado por Israel na quarta-feira (1º)

Deportado de flotilha em Gaza relatou que membros da flotilha detidos foram submetidos a fome e sede

Chegará ao Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira (6) o professor de educação física e ativista Nicolas Calabrese, o único integrante da delegação brasileira da Flotilha Global Sumud a ser deportado. Calabrese é cidadão argentino e italiano, mas mora no Brasil há mais de dez anos.

Calabrese estava no barco Sirius, interceptado por Israel na quarta-feira (1º). A missão partiu de Barcelona, na Espanha, no fim de agosto e tinha como objetivo levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

“Estou com uma cara de cansado, mas queria falar com vocês que daqui a pouco vou pegar o voo para o Brasil, então chego ao Brasil às 19h de segunda-feira no [aeroporto] Galeão”, disse ele em um vídeo publicado nas redes sociais.

Outra flotilha já havia tentado entrar em Gaza em junho, mas também foi detida por Israel.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou, nesta segunda-feira (6), que deportou mais 171 ativistas da Flotilha Global Sumud, incluindo a ambientalista sueca Greta Thunberg. No sábado, 137 ativistas da flotilha Global Sumud foram deportados para a Turquia.

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Horas sem comer

Em entrevista à CNN, o ativista relatou que os ativistas foram expostos a humilhações, fome e sede. A que mais sofreu, segundo ele, foi a ambientalista sueca Greta Thunberg.

“Greta foi a que mais sofreu a humilhação, a provocação constante, as piadas constantes, colocaram a bandeira Israel bem do lado dela, obrigaram ela a beijar a bandeira de Israel”, contou.

Calabrese contou que os detidos ficaram mais de 15 horas sem comer. “Foi um dos momentos mais violentos. Fomos levados à força, com travas no braço e golpes na cabeça. Ficamos de joelhos no chão quente, olhando para a parede. Dois minutos de joelhos já é ruim, em horas, o tempo não passa”, disse.

“O trajeto do porto para a prisão foi o momento mais difícil. Tive os pulsos amarrados muito apertados e, ao mesmo tempo, os olhos vendados. Quando eu entro no carro-jaula (sic) eu ouço constantemente golpes. Estavam dando socos e tapas nos companheiros. Uma situação muito tensa. O sufoco da superlotação, cada vez mais pessoas entrando”, acrescentou.

Calabrese contou que seus pertences não foram devolvidos. “Eu fui libertado e não tive acesso aos meus pertences, nem ao meu documento da Argentina, só o passaporte italiano. Nem à minha roupa, nem ao meu brinco, minha carteira, minha mochila, meu instrumento, minha calça, nada”, relatou.

Outros deportados relataram as mesmas ações de Israel.

Israel nega

Israel, por outro lado, negou as denúncias. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou, neste domingo (5), que as alegações sobre os maus-tratos contra Greta Thunberg e outros membros da Flotilha Global Sumud durante detenção são “mentiras descaradas”.

Associando o nome dado as embarcações que tinham intenção de levar ajuda a Gaza ao grupo Hamas, a pasta disse na rede social X, antigo Twitter, que “as alegações sobre os maus-tratos de Greta Thunberg e outros detidos da flotilha Hamas-Sumud são mentiras descaradas.”

De acordo com a pasta, “todos os direitos legais dos detidos são totalmente respeitados.” O ministério ainda afirmou, sem apresentar provas, que a própria Greta e outros detidos se “recusaram a acelerar sua deportação e insistiram em prolongar sua permanência sob custódia.”

“Greta também não reclamou às autoridades israelenses sobre nenhuma dessas alegações ridículas e infundadas, porque elas nunca ocorreram”, continua o Ministério das Relações Exteriores de Israel em comunicado.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.
Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas