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Troca-troca na Câmara de BH: metade dos vereadores mudaram de partido em quatro anos

Levantamento mostra MDB e Republicanos tiveram os maiores crescimentos de bancada, enquanto o PSD de Fuad Noman encolheu; veja como era e como ficou

Configuração das bancadas da Câmara de Belo Horizonte mudou em quatro anos

Metade dos vereadores que atualmente ocupam uma cadeira na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) mudaram de partido desde a última eleição, há quatro anos. As principais movimentações aconteceram nos últimos dias, próximo do prazo final da chamada “janela partidária”, que permite a troca de legenda sem as punições previstas pela legislação eleitoral. A brecha se esgotou nesta sexta-feira (5).

Levantamento feito pela Itatiaia mostra que o MDB e o Republicanos foram os partidos que mais cresceram neste período, aumentando suas respectivas bancada de um para cinco representantes.

No pleito de 2020, os emedebistas elegeram apenas um vereador — Reinaldo Gomes Preto Sacolão, com 5.125 votos. No entanto, o partido filiou o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo — eleito pelo Patriota com 13.088 votos —, que levou consigo outros quatro correligionários: Henrique Braga, Cleiton Xavier, Loíde Gonçalves e Sérgio Fernando Pinho Tavares. Nesta sexta, Reinaldo Gomes deixou a legenda rumo ao Democracia Cristã (DC).

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Desses, somente Braga foi eleito em 2020, quando ainda integrava as fileiras do PSDB. Os outros três ficaram como suplentes e foram chamados ao longo da legislatura com a saída de parlamentares eleitos: Rogério Alkimim, eleito pelo PMN, renunciou ao cargo em junho de 2022 e deu lugar a Cleiton Xavier. Nely Aquino (Podemos) foi eleita deputada federal em 2022 e abriu uma cadeira para Loíde Gonçalves e Walter Tosta faleceu durante o mandato, em janeiro de 2023, fato que levou à posse de Sérgio Fernando, que estava no PL.

Em 2020, o Republicanos elegeu apenas Jorge Santos, detentor de 7.691 votos. No entanto, uma movimentação que também contou com a articulação de Gabriel Azevedo levou outros quatro parlamentares a assinarem a ficha de filiação à legenda. A articulação desidratou a bancada do PSD, partido do prefeito Fuad Noman, com as saídas de Fernando Luiz, Irlan Melo e Ramon Bibiano Casa de Apoio. O PTB, que se fundiu ao Patriota em outubro de 2022 — originando o Partido Renovação Democrática (PRD) — perdeu Ciro Pereira, que também se juntou ao Republicanos.

O Democracia Cristã (DC), que não teve vereadores eleitos quatro anos atrás, conseguiu filiar três reforços: Marcos Crispim, eleito pelo PSC; Flávia Borja, que saiu pelo Avante em 2020; e Reinaldo Gomes, do MDB.

O Partido Verde (PV), que também não conseguiu eleger ninguém no pleito passado, se reforçou com duas filiações: Dr. Célio Frois, eleito pelo Cidadania com 5.775 votos e Wagner Ferreira, que entrou como suplente pelo PDT. Também ganharam dois reforços, de última hora, o Podemos - com as filiações de Juliano Lopes e Wilsinho da Tabu, eleitos por PTC e PP, respectivamente, em 2020.

Já o Partido Liberal (PL), embora tenha perdido Sérgio Fernando Pinho Tavares para o MDB, assinou as filiações de Marilda Portela, eleita pelo Cidadania com 4.425 votos e Cláudio do Mundo Novo, que deixou o PSD. O PSB, com Gilson Guimarães (ex-Rede), ganhou uma cadeira na CMBH.

Reunião de grupo do presidente Gabriel Azevedo na Câmara selou mudanças de vereadores para o MDB e Republicanos

Troca-troca na Câmara de BH

  • Gabriel Azevedo: sem partido para MDB
  • Fernando Luiz: PSD para Republicanos
  • Irlan Melo: PSD para Republicanos
  • Cláudio do Mundo Novo: PSD para PL
  • Ramon Bibiano Casa de Apoio: PSD para Republicanos
  • Flávia Borja: Avante para PP
  • Dr. Célio Frois: Cidadania para PV
  • Marilda Portela: Cidadania para PL
  • Ciro Pereira: PTB para Republicanos
  • Henrique Braga: PSDB para MDB
  • Gilson Guimarães: Rede para PSB
  • Cleiton Xavier: PMN para MDB
  • Loíde Gonçalves: Podemos para MDB
  • Sérgio Fernando Pinho Tavares: PL para MDB
  • Wagner Ferreira: PDT para PV
  • Flávia Borja: Avante para Democracia Cristã
  • Wilsinho da Tabu: PP para Podemos
  • Marcos Crispim: PSC para Democracia Cristã
  • Juliano Lopes: Agir para Podemos
  • Reinaldo Gomes Preto Sacolão: MDB para Democracia Cristã
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Mudança nas bancadas

Ao longo dos últimos quatro anos a configuração da Câmara Municipal de Belo Horizonte mudou. Além das saídas de 11 vereadores por motivo de eleição para outros cargos, renúncia, cassação ou mesmo falecimento, o troca-troca entre legendas reconfigurou os tamanhos das bancadas.

Em outubro de 2020, dos 41 vereadores que tomaram posse, seis pertenciam a partidos que nem existem mais. O Democratas, que elegeu Álvaro Damião como único representate, se fundiu com o PSL, dando origem ao União Brasil. O PTC, de Juliano Lopes, mudou de nome e se transformou em Agir.

Há quatro anos, o Patriota ainda fazia parte do espectro político brasileiro, mas se fundiu com o PTB, dando origem ao PRD. Já o PSC foi incorporado ao Podemos.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.