A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga pirâmides financeiras no Brasil chegará ao final no próximo 11 de outubro, e o relatório do deputado Ricardo Silva (PSD-SP) pedirá os indiciamentos dos irmãos
“Certamente serão indiciados”, atestou Ricardo Silva nesta segunda-feira. “Também estamos investigando a conduta dos diretores”, afirmou. A CPI chegou à 123Milhas após a suspensão da emissão dos pacotes de viagem e detectou a possibilidade do grupo operar em um modelo de pirâmide. O negócio não era sustentável, segundo detalhou o deputado. “Estamos caminhando para a conclusão de que o modelo era insustentável desde o início em razão dos fluxos bancários. Por exemplo, se entrava R$ 1.000, eles gastavam R$ 1.500", citou. “Sempre entrava menos que saía. E como eles mantinham? Com empréstimos bancários altos e atraindo mais clientes com publicidade”, pontuou o relator.
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Ricardo Silva indicou ainda que, no início das investigações, a CPI avaliava que as fraudes ligadas à 123Milhas se referiam apenas ao plano promocional, o que não se sustentou. “Começamos a entender que a empresa opera em situação ilícita desde 2019. Levantamos que era uma empresa insustentável e eles, de fato, se mantinham trazendo mais clientes, cada vez mais clientes. O que justifica os gastos com publicidade”, afirmou. “E para o dinheiro ficar com eles [sócios], os gastos com publicidade eram feitos com a agência do pai. Era um negócio triangulado”, cravou.
Inicialmente, a CPI das Pirâmides Financeiras acabaria na última quinta-feira (28). Mas o relator Ricardo Silva e o presidente Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) conseguiram autorização do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para prorrogá-la até 11 de outubro. A comissão mira esquemas de pirâmides ligados a ativos digitais, como criptomoedas e milhas aéreas. Em relação à 123Milhas, o relator calcula que, pelo menos, 700 mil pessoas foram lesadas pelo grupo.