“Era uma aposta de risco. Arriscavam sobre algo que não controlavam”. Assim classificou o diretor jurídico da LATAM Airlines, Bruno Bartijotto, sobre os negócios da 123Milhas na sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras desta terça-feira (19), que investiga supostas fraudes com criptomoedas e, recentemente, a suspensão da emissão de passagens pela empresa de pacotes de viagens sediada em Belo Horizonte.
O diretor jurídico e a diretora de Assuntos Corporativos da LATAM, Maria Elisa Curcio, participam da CPI como convidados. Nesta terça-feira participariam também diretores das companhias aéreas Azul e Gol, mas, eles não compareceram e agora serão convocados para a sessão de quarta-feira (20).
À CPI, Bartijotto afirmou que o modelo de negócios da 123Milhas não era factível. “Da forma como eles propuseram, inclusive prometendo passagens que ainda não estavam previstas ou programadas para voar, não [era possível entregar ao cliente]. Eles vendiam passagens que não estavam definidas”, declarou.
Ainda segundo o diretor jurídico da LATAM, a 123Milhas negociava pacotes e passagens que não existiam, mas a empresa especulava ser possível emiti-las. “Existia venda de bilhetes nesses pacotes flexíveis antes da própria companhia aérea estabelecer o voo ou que aquela rota seria voada naquele horário. É algo que nos chama a atenção”, pontuou.
Ainda na sessão de terça-feira, o autor do requerimento de convocação dos CEOs das companhias aéreas, deputado Caio Vianna (PSD-RJ), classificou a atuação da 123Milhas como ‘um dos maiores casos de pirâmide financeira vistos no Brasil’. “A Gol e a Azul, que estavam convidados para comparecer e contribuir com essa CPI, não vieram. A desculpa que eles deram é inaceitável. O que Gol e Azul querem esconder?”, questionou. A expectativa é que os representantes dos grupos compareçam na próxima sessão.