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General Heleno nega participação de Cid em reuniões no Planalto, mas fotografia indica o contrário

General Augusto Heleno depõe à sessão da CPMI dos atos antidemocráticos nesta terça-feira (26); ele afirmou que Mauro Cid não participava das reuniões no Planalto

Assessor próximo de Jair Bolsonaro

Uma fotografia apresentada pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG) na sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos desmente declaração dada pelo general Augusto Heleno em depoimento nesta terça-feira (26). No início da reunião, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro (PL) afirmou aos parlamentares que o ajudante de ordens Mauro Cid não participava de reuniões do então presidente da República.

“O tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. O tenente-coronel Mauro Cid era ajudante de ordens do presidente da República, e não existe essa figura do ajudante de ordens que se senta em reunião com comandantes das Forças Armadas”, afirmou. “Ele [Mauro Cid] participar da reunião é fantasia. Isso é fantasia”, acrescentou em referência às informações adiantadas por O Globo sobre a delação premiada de Cid à Polícia Federal (PF).

A fotografia trazida pelo deputado mineiro indica o contrário. O registro de fevereiro de 2019 retrata uma reunião de Jair Bolsonaro, à época presidente, com o ministro da Defesa, general Augusto Heleno, e as lideranças das Forças Armadas — o almirante Almir Garnier entre elas. A imagem consta na galeria oficial do Palácio do Planalto no Flickr — rede social usada pelo Governo Federal para publicar imagens dos fotógrafos do Executivo. Ao fundo da fotografia aparece Mauro Cid.

General Heleno sobre delação de Mauro Cid: ‘fantasia!’

O general Augusto Heleno analisou, no início da sessão, as informações vazadas na semana passada sobre parte do conteúdo da delação premiada de Mauro Cid à Polícia Federal (PF). “O tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. O tenente-coronel Mauro Cid era ajudante de ordens do presidente da República, e não existe essa figura do ajudante de ordens que se senta em reunião com comandantes das Forças Armadas”, afirmou. “Ele [Mauro Cid] participar da reunião é fantasia. Isso é fantasia”, acrescentou.

“A mesma coisa sobre essa delação premiada ou não premiada do Mauro Cid. Estão apresentando trechos dessa delação, o que me estranha muito porque a delação ainda é sigilosa. Ninguém sabe o que o Cid falou”, disse Augusto Heleno. O general se refere às informações adiantadas por O Globo sobre a colaboração premiada do braço-direito de Jair Bolsonaro na Ajudância de Ordens; segundo as quais, o militar relatou à Polícia Federal minúcias de um encontro entre o ex-presidente e a alta cúpula das Forças Armadas após a derrota na eleição no ano passado.

Na ocasião, de acordo com Cid, Bolsonaro propôs um golpe de Estado para permanecer à frente do Palácio do Planalto. O Exército, segundo Cid, declinou da sugestão. O almirante Almir Garnier, entretanto, teria colocado as tropas da Marinha à disposição do então presidente da República. Sobre a existência do encontro delatado por Mauro Cid, Heleno afirmou não ter participado da reunião. “Eu não era chamado para essas reuniões da cúpula militar”, garantiu.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.