A recepcionista da Procuradoria-Geral da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) acusa o presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido), de tentar coagir a procuradora-adjunta do Legislativo, Izabella Santos e Nunes, a redigir um parecer favorável a ele no imbróglio em torno da possibilidade de afastá-lo do comando do Parlamento. A denúncia da funcionária, enviada nesta sexta-feira (1°) à Justiça, foi anexada por opositores de Gabriel ao processo que trata da possibilidade de os vereadores votarem o afastamento do presidente.
Gabriel é alvo de um pedido de cassação que também deve ser analisado nesta sexta. Ao pedir que o presidente da Câmara perdesse o mandato parlamentar, a deputada federal Nely Aquino (Podemos) solicitou, também, a análise do afastamento dele da presidência até a conclusão do processo.
Até pouco depois das 14h, valia liminar que permitia apenas a votação da admissibilidade - ou não - da cassação, sem debate sobre o possível afastamento temporário dele da presidência. O juiz Thiago Grazziane Gandra, porém, cassou a liminar e permitiu as duas votações: tanto do afastamento quanto da cassação.
O relato da recepcionista foi levado ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) por Juliano Lopes (Agir), 1° vice-presidente da Câmara e aliado de Nely. Eles, vale lembrar, compõem a chamada “Família Aro”, nome dado ao grupo político que orbita em torno de Marcelo Aro, secretário de Estado de Casa Civil do governo de Romeu Zema (Novo).
No documento encaminhado à Justiça, a recepcionista narra que Izabella, a procuradora-adjunta, chegou a chorar e a “tremer” por causa dos pedidos de Gabriel e de um diretor da Câmara. A ideia de Gabriel, segundo o relato da funcionária, era conseguir, da Procuradoria, um parecer contrário à possibilidade de afastá-lo da presidência.
No fim das contas, o parecer da Procuradoria-Geral — que não precisa ser seguido — foi favorável a Gabriel Azevedo e apontou que ele não precisa deixar a presidência mesmo se o processo de cassação for aberto.
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o presidente da Câmara, mas ele não retornou as ligações ou mensagens. Interlocutores de Gabriel Azevedo ressaltaram que os procuradores que assinaram o parecer favorável ao vereador são concursados e fazem parte da equipe técnica da Câmara.