Embora nos bastidores os deputados já saibam da exoneração e discutam os possíveis substitutos — como o secretário de Casa Civil, Marcelo Aro (PP), e o ex-deputado Lucas Gonzalez (Novo) —, a Itatiaia apurou que há uma orientação do Palácio Tiradentes para que os parlamentares da base não se posicionem até que o governo divulgue comunicado oficial.
Uma versão anterior deste texto informava que o governo de Minas Gerais também não havia se manifestado, mas isso ocorreu às 19h04m. Em nota divulgada à imprensa, o Executivo confirmou a exoneração de Igor Eto.
“O governador Romeu Zema agradece o importante trabalho prestado, com dedicação, durante os últimos quatro anos e meio, que permitiram a apresentação, discussão e conclusão de projetos de interesse público, a exemplo do Acordo Judicial para reparação ao rompimento em Brumadinho, garantindo que a empresa fosse imediatamente responsabilizada pelos danos causados às regiões atingidas e à sociedade mineira”, diz o texto.
"À frente da articulação do governo com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) neste período, Eto teve fundamental participação na aprovação de propostas essenciais, como a recente reorganização administrativa, que permitiu ajustes na atual estrutura da administração estadual com o objetivo de melhorar o funcionamento das diversas áreas do governo, sempre em benefício da população de Minas Gerais”, continua a nota.
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Repercussão
Na ALMG, quem fala pelo governo Zema é o líder Gustavo Valadares (PMN). Porém, ele está se recuperando de uma cirurgia de apendicite no hospital. O único integrante da base que aceitou dar entrevista sobre o tema foi o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL).
Em janeiro, ele acusou Igor Eto de tentar chantageá-lo. Segundo a denúncia do parlamentar, para indicar o chefe do Estado Maior da Polícia Militar ele teria que votar no candidato do governo, Roberto Andrade (Patriota) para presidente da ALMG. Eto sempre negou o caso.
“Esse sujeito é extremamente incompetente. Perdeu a eleição dentro da Casa, tentando interferir no Poder Legislativo de uma maneira completamente fracassada e que tem uma forma de articular a política que com certeza desagrada a muitos. Eu, pelo meu perfil, tive coragem de falar. Agora nós só vemos algo que está se concretizando, mas que deveria ter acontecido há muito tempo”, disse Caporezzo à Itatiaia nesta terça-feira (27).
Presidente da Comissão de Educação, Beatriz Cerqueira (PT), da oposição, disse que a organização da equipe de governo é responsabilidade de Zema. “Mas me chama atenção que em uma semana de agendas tão estratégicas, o governador não tenha conseguido se organizar junto com sua própria equipe e tenha exoneração de um cargo que faz uma relação política importante com a sociedade, e não só com a própria Assembleia”, declarou a petista.
A Itatiaia também procurou a ALMG para se posicionar sobre a exoneração, já que a principal função do secretário de Governo é cuidar da relação com o Legislativo. Segundo a assessoria, o presidente da Casa, Tadeu Martins Leite (MDB), não recebeu nenhuma informação oficial ou comunicado sobre o fato citado, e, portanto, não tem nada a comentar.