Vereadores da CPI do Abuso de Poder, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, cogitam convocar uma acareação entre o ex-diretor Financeiro do Atlético, Carlos Fabel, e a empresária Eloá Starling para apurar supostas irregularidades em pagamentos envolvendo o ex-prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD).
Na sessão desta quinta-feira (13), Fabel desmentiu a empresária, dona da agência de turismo Unitour, que prestava serviços para o Atlético e a Prefeitura de Belo Horizonte. Em depoimento à CPI no dia 16 de fevereiro, Eloá afirmou que os negócios da empresa eram tocados pelo contador da agência e seu marido, já falecido, e que era amigo do ex-prefeito de Belo Horizonte.
No entanto, durante sua oitiva, Fabel citou que Eloá ia pessoalmente à sede do clube para cobrar notas fiscais pelos serviços prestados por sua empresa. Por causa da divergência, a CPI cogita colocar os dois frente a frente em uma sessão futura.
A relatora da CPI, vereadora Fernanda Altoé (Novo), afirmou que a versão apresentada por Carlos Fabel foi diferente da apresentada pela empresária.
“Ele colaborou muito, explicou todos os questionamentos que tínhamos. E vemos agora divergências no depoimento da senhora Eloá, da empresa Unitour, que não só prestou serviço para a PBH como fez pagamentos de Kalil no Copacabana Palace. Fica o questionamento sobre como funcionava essa relação, o ex-presidente do Atlético, como presidente, tinha várias pessoas que trabalhavam no clube e estavam dentro da prefeitura”, disse Altoé.
A vereadora se referia ao depoimento de Eloá, na CPI. Na ocasião, questionada sobre como o prefeito fazia os pagamentos para a empresa sobre despesas em uma hospedagem no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, ela disse que não se lembrava exatamente como eles eram feitos, mas que algumas vezes Kalil mandava o dinheiro e em outras vezes algum dos filhos repassava o dinheiro.
“Nesse caso específico, se não estou enganada, uma parte foi paga pela empresa, no cartão da empresa e outra parte foi no meu cartão. No meu cartão deve ter sido, inclusive, dividido para facilitar a espera do pagamento”, afirmou a empresária. “Ele mandava o dinheiro para mim, às vezes o filho mandava ou outro pagava diretamente no banco. Eu tinha uma caderneta com ele. Tinha um acordo de segurar alguma fatura em atraso, alguma coisa com ele. Nós tivemos que fazer esse levantamento para eu me lembrar. O Dr. Alexandre ia mandando para a empresa valores de dinheiro pequenos e que a gente juntava”, completou.
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Ex-funcionários do Galo foram contratados pela prefeitura
No depoimento, Carlos Fabel também citou diversos ex-funcionários do Atlético demitidos do clube e depois foram contratados pela prefeitura, inclusive, casos como o concunhado do Kalil, o senhor Raimundo Cirilo.
Outro citado foi Antônio Melo que na época de Atlético fazia cotação de viagem com a Unitour e depois também foi contratado pela prefeitura.
Por fim, Fabel também afirmou que em tempos de Atlético, a empresária Eloá não recebia em espécie, o que na visão dos vereadores foi uma versão diferente na relação com Kalil. Em seu depoimento, Eloá disse na CPI que não cuidava diretamente dos negócios da empresa e que assuntos eram tratados pelo esposo falecido e o contador. Porém, Carlos Fabel afirmou que ela fazia visitas no Atlético para cobrar os pagamentos em atraso.
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o ex-prefeito Alexandre Kalil e aguarda um posicionamento.