Pessoas na extrema pobreza e pobreza no Brasil atingem o menor nível da história

Situação de pobreza e extrema pobreza caíram com o fortalecimento dos programas sociais e do mercado de trabalho

Pessoas em situação de pobreza recuaram de 27,3% para 23,1% em 2024

O número de pessoas na pobreza e extrema pobreza no Brasil atingiu o menor nível da série histórica, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (3). Os números fazem parte do capítulo da Síntese dos Indicadores Sociais sobre Padrão de Vida e Distribuição de Rendimentos de 2024.

Considerando-se os parâmetros do Banco Mundial, a situação de pobreza recuou de 27,3% para 23,1%, uma redução de 8,6 milhões de pessoas. Em relação ao número de pessoas na extrema pobreza, o número de pessoas reduziu 4,4% em 2023, para 3,5% em 2024, uma redução de 1,9 milhões de pessoas extremamente pobres.

Os números revelam uma queda expressiva desde 2021, quando no auge da pandemia de Covid-19 a situação de vulnerabilidade atingiu os maiores níveis. Na época, 18 milhões de pessoas viviam na extrema pobreza, cerca de 9% da população, e outras 76 milhões de pessoas estavam na linha da pobreza (36,8%).

O Banco Mundial considera as pessoas na pobreza aquelas que vivem com rendimento domiciliar per capita inferior a R$ 694 por mês (US$ 6,85 por dia). Já a classificação de extrema pobreza considera a população que sobrevive com R$ 218 por mês (US$ 2,15 por dia).

Segundo o IBGE, a queda nos índices foi influenciada pelo fortalecimento dos benefícios de programas sociais. Sem o auxílio, o instituto estima que o nível de pessoas na extrema pobreza teria sido 6,5 pontos percentuais (p.p.) maior: de 3,5% para 10% de pessoas extremamente pobres. No caso da população pobre, o crescimento seria de 23,1% para 28,7%.

“Em 2024, a manutenção dos valores pagos pelo programa Bolsa Família em patamar superior ao período pré-pandemia de COVID-19 colaborou para a continuidade da redução da pobreza e da extrema pobreza. Além dos programas sociais, o maior dinamismo do mercado de trabalho também contribuiu para essa tendência, especialmente na redução da pobreza, mais impactada pela renda do trabalho, já que os rendimentos dos extremamente pobres têm maior participação de benefícios de programas sociais”, disse o IBGE.

Pretos, pardos e mulheres

Segundo o IBGE, proporcionalmente, a pobreza atinge mais às mulheres (24%) do que os homens (22,2%). As taxas de pobreza e extrema pobreza chegaram, respectivamente, a 4,5% e 30,4% entre as mulheres pretas ou pardas, enquanto entre os homens brancos o percentual foi de 2,2% e 14,7%.

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As pessoas pretas e pardas, juntas, representavam 71,3% dos pobres do país. Entre as pessoas pretas, 25,8% eram pobres e, entre as pessoas pardas, 29,8% estavam nessa condição. O número de pessoas brancas na pobreza era de 15,1% em 2024. Cerca de 3,9% das pessoas pretas, e 4,5% das pardas, eram extremamente pobres, contra apenas 2,2% dos brancos.

Trabalhadores na pobreza

O estudo ainda mostra que, entre as pessoas extremamente pobres, a proporção de pessoas ocupadas foi de 11,9%, ou 12 milhões de pessoas, enquanto 47,6% dos desocupados e 27,8% daqueles fora da força de trabalho estavam nessa condição. Cerca de 0,6% das pessoas com trabalho foram consideradas extremamente pobres em 2024, enquanto entre os desocupados a proporção chegou a 13,7% e a 5,6% entre aqueles fora da força de trabalho.

Ainda de acordo com o IBGE, a pobreza é mais intensa entre os trabalhadores da agropecuária, cerca de 29,3%, e nos serviços domésticos 22,9%. Trabalhadores da administração pública, saúde e serviços sociais (4,6%), estão menos expostos a essa condição.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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