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Dom Walmor | Esperança e pobreza

O ‘amor’ desmedido ao dinheiro e a indiferença em relação aos pobres precisam ser superados

Esperança e pobreza

A celebração do IX Dia Mundial dos Pobres convida a uma reflexão profunda sobre a indiferença que pesa sobre os mais vulneráveis em uma sociedade marcada pelo consumismo. Apesar dos muitos esforços de pessoas e instituições solidárias, ainda persistem exclusões perversas: muitos passam fome enquanto outros são habituados com mesas fartas, a ponto de não se incomodarem com o desperdício, uma transgressão moral. Falta sensibilidade para cuidar dos que precisam e para inspirar políticas públicas que respeitem a dignidade humana. Para mudar essa realidade, é preciso enfrentar a pobreza espiritual, que alimenta ganância, lógica de mercado excludente.

O “amor” desmedido ao dinheiro e a indiferença em relação aos pobres precisam ser superados. Decisões técnicas e econômicas devem ter envergadura espiritual, contrapondo-se ao egoísmo de apenas buscar aumentar o próprio poder. Todos são irmãos e irmãs: esse princípio combate manipulações e decisões estreitas. A esperança apresentada pela Palavra de Deus, recordada pelo Papa Leão XIV, inspira responsabilidades na construção da história. A caridade, maior mandamento social, é força capaz de vencer a pobreza espiritual e enfrentar suas causas estruturais.

O Papa aponta caminhos concretos: casas-família, comunidades para menores, centros de acolhimento, escolas populares e outras iniciativas que incentivam voluntariado e cooperação. Esses sinais de esperança combatem a indiferença, expressão máxima da pobreza espiritual. A Igreja lembra que os pobres são irmãos amados e que, por sua sabedoria e experiência, ajudam o mundo a tocar a verdade do Evangelho — fonte de riqueza espiritual e de compromisso com o bem comum. Dar centralidade aos pobres é urgente para orientar debates, prioridades e práticas de proximidade.

A proximidade em relação aos pobres transforma visões, combate vícios, corrupção, violência e desperdício. Tratar as diversas formas de pobreza é sinal eficaz de esperança, pois concretiza o Evangelho. Não podemos normalizar o empobrecimento crescente. Santo Agostinho lembra: melhor seria que ninguém passasse fome ou necessidade. Superar a pobreza espiritual abre um novo tempo, guiado por líderes que não fazem do dinheiro sua pauta principal. Priorizar os pobres, escutar seus clamores e investir em políticas públicas que redesenhem a sociedade é esperançar: preparar a humanidade para um novo tempo, à luz do Menino que vem no Natal.

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O Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e publica semanalmente aos sábados no Portal Itatiaia.

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