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Dom Walmor | Canto de esperança

O canto do Natal não é mero enfeite exterior, mas luz que transforma a consciência e inspira uma nova ordem sociopolítica, orientada pelo bem comum, pela justiça e pela paz, sobretudo em favor dos pobres

Natal é o renascimento do Espírito Santo dentro de cada um de nós

O Natal é um canto de esperança: a esperança que não decepciona. O Advento convida a deixar-se iluminar por essa esperança capaz de dissipar sombras e oferecer à humanidade um caminho novo, curativo e propositivo. A profecia de Isaías aponta essa luz que resplandece para os que vivem nas trevas, convocando todos, sem exceção, a assumirem condutas renovadas para curar as feridas da sociedade contemporânea.

As sombras não são vencidas por barulhos, disputas de poder ou vaidades políticas. Discursos vazios, conflitos e autopromoções agravam desigualdades, aprisionam os pobres e obscurecem princípios humanísticos e direitos sociais. Enquanto isso, multiplicam-se as lutas pelo poder, e tornam-se raras as ações efetivas de transformação social. Assim, as trevas se intensificam quando o bem comum é substituído por interesses pessoais e partidários.

O canto de esperança brota da presença do Príncipe da Paz, que se manifesta na fragilidade do Menino Deus. Jesus revela um poder contrário à arrogância e à soberba, inaugurando uma lógica nova, fundada na justiça, na fidelidade e na paz sem fim. Isaías denuncia a corrupção, a mentira e a violência que consomem a sociedade, mas anuncia também um rebento de esperança sobre o qual repousa o Espírito do Senhor.

Somente pela lógica do Príncipe da Paz uma nova ordem pode se estabelecer, marcada pela justiça para os pobres e pela superação da violência: ninguém fará mal a ninguém, pois a terra estará cheia do conhecimento do Senhor. As imagens proféticas — o lobo com o cordeiro, a criança inocente convivendo, sem riscos, com a serpente venenosa — expressam a harmonia possível quando prevalece a lógica divina.

Acolher Jesus na manjedoura do coração é aprender o segredo dessa nova ordem, capaz de realizar o bem e construir uma sociedade justa e solidária. Fixar o olhar no Príncipe da Paz fortalece os abatidos, cura feridas e abre caminhos de esperança. O canto do Natal não é mero enfeite exterior, mas luz que transforma a consciência e inspira uma nova ordem sociopolítica, orientada pelo bem comum, pela justiça e pela paz, sobretudo em favor dos pobres.

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O Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e publica semanalmente aos sábados no Portal Itatiaia.

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