Produção industrial abaixo do esperado e dólar em baixa puxam queda dos juros futuros

Juros futuros negociados na B3 recuaram na segunda etapa do pregão desta terça-feira (2) em movimento de correção após a alta registrada na véspera

Taxas futuras de juros caem com produção industrial abaixo do previsto e recuo do dólar

Os juros futuros negociados na B3 recuaram na segunda etapa do pregão desta terça-feira (2) em movimento de correção após a alta registrada na véspera. Influenciados pelo dado mais fraco que o esperado da produção industrial divulgado pela manhã e pela queda do dólar, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DIs) abriram espaço para um alívio adicional, acompanhando também o comportamento da curva dos Treasuries nos Estados Unidos.

Analistas do mercado financeiro afirmam que outro fator que contribuiu para o movimento foi a aprovação, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, do projeto de lei que amplia a taxação sobre casas de apostas (“bets”), fintechs, Juros sobre Capital Próprio (JCP) e algumas instituições financeiras. O texto ainda será analisado pela Câmara dos Deputados.

Com alterações recentes, a proposta não tem nova estimativa oficial de arrecadação, mas a equipe econômica trabalha com um potencial de R$ 10 bilhões em receitas adicionais para 2026, o dobro do valor previsto inicialmente. O reforço é visto como um alívio parcial para o quadro fiscal do próximo ano.

Pelo texto aprovado, as bets, que hoje pagam 12% de imposto, passarão a ser tributadas em 15% em 2026 e 2027, e em 18% a partir de 2028. A alíquota sobre o JCP sobe de 15% para 17,5%. A CSLL das fintechs será elevada de 9% para 12% em 2025, enquanto instituições de pagamento terão aumento de 15% para 17,5%.

Ao fim do pregão, o DI para janeiro de 2027 caiu de 13,61% para 13,57%. O contrato para janeiro de 2029 passou de 12,757% para 12,67%, e o DI de janeiro de 2031 recuou de 13,001% para 12,905%.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a proposta aprovada na CAE ajuda a atenuar o desequilíbrio fiscal, ainda que não resolva o problema estrutural. “O projeto que eleva a arrecadação melhora um pouco a situação fiscal, embora não seja sustentável custear um Estado crescente no longo prazo”, diz. Segundo ele, diante da necessidade de R$ 30 bilhões para fechar o orçamento de 2026, o sinal positivo do Senado foi bem recebido pelo mercado. “Entre não custear e custear com arrecadação, é menos pior custear.”

Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, discorda que a agenda legislativa tenha sido determinante para o movimento da curva nesta terça. “Notícias fiscais têm feito pouco preço no segundo semestre. O mercado já assimilou que um ajuste amplo não será realizado agora, nem no próximo ano”, afirma. Para ele, os principais vetores da sessão foram a queda de 0,54% do dólar frente ao real e o dado de produção industrial.

Segundo o IBGE, a indústria cresceu 0,1% em outubro ante setembro, abaixo da projeção mediana de 0,3% do Projeções Broadcast. O número reforça a leitura de fraqueza da atividade no início do quarto trimestre. Já o PIB do terceiro trimestre será divulgado nesta quinta-feira e deve mostrar estabilidade.

Com a atualização dos dados, o tracking da XP Investimentos passou a indicar alta de 0,2% do PIB no último trimestre do ano. Para o economista Rodolfo Margato, o desempenho sugere estabilidade da indústria no curto prazo. Ele observa que setores mais sensíveis à renda têm mostrado recuperação, enquanto os dependentes de crédito seguem pressionados pelo juro elevado.

Sanchez, da Ativa, resume que o conjunto de indicadores do dia favoreceu o alívio nos DIs. “O dado da indústria foi o destaque. Apesar de o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ter adotado tom mais duro recentemente, a expectativa de intensificação do ciclo de queda de juros permanece”, afirma.

* Informações com Estadão

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