Bolsa cai com pressão da liquidação do Banco Master no FGC

Liquidação extrajudicial do Banco Master pode levar o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) a desembolsar R$ 41 bilhões

Compra do Master pela Fictor foi suspensa pela holding

O Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador do mercado de ações brasileiro, fechou a terça-feira (18) em queda com a liquidação extrajudicial do Banco Master pressionando o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O índice recuou 0,3% aos 156.522,13 pontos, com o desempenho ruim do setor bancário.

Os bancos devem ser os mais afetados com o custo que o FGC terá para cobrir os investidores do Banco Master. O fundo terá que desembolsar um valor recorde de R$ 41 bilhões para ressarcir as pessoas que contrataram títulos de Certificado de Depósito Bancário (CDBs) do Master e realizaram outras operações que são garantidas pelo FGC.

Com o custo, o fundo terá que ser capitalizado principalmente pelos grandes bancos que estão inseridos no Sistema Financeiro Nacional (SFN). O Banco do Brasil, um dos peso pesados da bolsa, por exemplo, foi a terceira instituição com a maior queda do dia, com um recuo de 2,76% aos R$ 21,88.

O FGC é uma associação privada, sem fins lucrativos, que integra o SFN como forma de prevenir crises bancárias sistêmicas e proteger os depositantes há 30 anos. O Fundo tem um patrimônio que em setembro alcançou R$ 153,5 bilhões.

O fundo garante valores em contas correntes, poupanças, e títulos de renda fixa no limite de até R$ 250 mil por depositante/investidor (CPF ou CNPJ), e instituição financeira associada ou conglomerado financeiro liquidado. Na hipótese de ocorrer a liquidação de mais de uma instituição financeira em um período de quatro anos, os pagamentos são limitados ao valor de R$ 1 milhão.

O que aconteceu com o Master?

Segundo o Banco Central, o Master foi liquidado devido a “graves violações” às normas que regem o sistema financeiro. De acordo com a autoridade monetária, o Master detém 0,57% do ativo total do sistema, e 0,55% das captações totais.

O banco entrou na mira da Polícia Federal por sua dificuldade em honrar compromissos e por falta de liquidez financeira. A empresa também estava no radar do mercado financeiro por falta de divulgação de balanços e por uma postura considerada agressiva na captação de recursos.

Nos últimos anos, o banco praticamente dobrou de tamanho com a venda de Certificados de Depósito Bancários (CDBs) com rendimentos acima da média do mercado, além de carteiras de créditos. Com a crise financeira, a instituição estaria vendendo títulos fraudados para captar recursos de investidores.

A liquidação extrajudicial está relacionada à Operação Compliance Zero, que teve como resultado a prisão do dono do Master, Daniel Vorcaro, no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na noite de segunda-feira (17). O empresário estaria tentando fugir para Malta, na Europa, com um avião particular.

Dólar volta a cair na espera do Fed

No mercado de câmbio, o dólar voltou a operar em queda nesta terça-feira com um recuo de 0,20%, aos R$ 5,31. Os investidores aguardam a divulgação da ata do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, sobre a decisão de cortar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, nesta quarta-feira (19).

Como os Estados Unidos são a economia mais estável do mundo, seu mercado trabalha como se alimentasse outras economias com o seu dinheiro. Uma taxa de juros alta nos EUA torna os títulos do tesouro americano o melhor investimento, por terem praticamente risco zero. Isso faz com que os investidores retirem dinheiro do Brasil e apliquem no exterior.

A queda de juros nos Estados Unidos, em um cenário em que a taxa básica brasileira, a Selic, está em 15% ao ano, valoriza os ativos domésticos. A diferença nos juros contribui para uma estratégia de investimento que é chamada de “carry trade”, que consiste em tomar empréstimos nos Estados Unidos com juros baixos e investir em ativos de outra moeda com juros mais altos.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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