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Intenção de consumo cai para o menor nível em dois anos, aponta CNC

Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio mostra uma queda elevada na intenção de consumo das famílias na comparação com setembro de 2024

Pesquisa mostra famílias receosas em consumir em meio ao cenário de juros altos

A pesquisa mensal de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), voltou a cair em setembro, atingindo 101,6 pontos. O índice, medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), baixou para o menor patamar dos últimos dois anos, com queda de 0,9% ante agosto, de acordo com o levantamento divulgado nesta quarta-feira (24).

A intenção de consumo também caiu em 1,9%, se comparado a setembro de 2024. O índice apresentou queda na maioria dos itens apurados, com exceção no nível de emprego atual, que cresceu +0,1% e bateu 125,5 pontos pelo baixo nível de desemprego no país.

Por outro lado, o índice de acesso ao crédito foi o único indicador que cresceu na comparação com o ano passado, chegando em 95,2 pontos (+1,5%). Essa variação positiva anual foi acompanhada por uma queda na comparação mensal (-0,6%), mostrando uma cautela das famílias no curto prazo com o mercado de crédito, mas ainda em um patamar melhor do que 2024.

O acesso ao crédito contrasta com a percepção dos consumidores em relação à compra de bens duráveis, que teve a maior retração no período de um ano (-6,9%), caindo para 64,2 pontos. Para o economista da CNC, João Marcelo Costa, a pesquisa mostra um paradoxo em relação a alta da taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano.

“A pesquisa deixa clara a existência de um paradoxo: apesar da percepção do acesso ao crédito ser maior, o uso permanece contido, refletindo o impacto da taxa Selic elevada e o risco de desequilíbrio financeiro das famílias”, disse o especialista.

Consumo cai em todas as faixas de rendas

Em famílias que recebem até 10 salários mínimos, a queda no ICF na comparação mensal foi de 0,8%, para 99,1 pontos. Se comparado com setembro de 2024, a baixa foi de 1,4%. Enquanto as famílias com renda média acima de dez salários mínimos, a queda mensal foi de 1,4% para 114,2 pontos. Na variação anual, a queda foi de 3,4%

Para o presidente do sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o resultado de setembro indica que as famílias estão receosas com o cenário de alta do emprego, ao mesmo tempo em que enfrentam juros elevados. “Esse cenário limita o consumo e gera o alerta sobre a necessidade de preservar o poder de compra da população”, afirmou.

A pesquisa ICF é um indicador antecedente do potencial das vendas no comércio, apurado mensalmente pela CNC. Os resultados medem o grau de satisfação e insatisfação dos consumidores, em que o índice abaixo de 100 pontos indica percepção de insatisfação, enquanto acima de 100 (com limite de 200 pontos) indica satisfação.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.