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Dia das Crianças: planejamento financeiro pode suavizar a chegada de um filho

Apesar de não ser o único, o fator econômico é um dos motivos que derrubaram a taxa de fecundidade no Brasil

Desorganização financeira pode complicar a chegada de uma criança na família

A decisão de ter um filho é um dos momentos mais importantes na vida de milhares de casais, exigindo uma preparação para uma mudança grande na dinâmica familiar. Sem o devido planejamento, uma criança pode causar uma distorção no orçamento doméstico e pegar os pais de surpresa, chegando até a comprometer metade da renda domiciliar com gastos que são essenciais e não podem ser postergados.

Apesar de não ser o único, o fator econômico é um dos motivos que derrubaram a taxa de fecundidade no Brasil. Segundo dados do Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média de filhos por mulher em idade reprodutiva caiu para 1,55. Em 2000, a taxa de fecundidade era de 2,38, e em 2010 a média foi de 1,90. A taxa ideal para manter a população estável, ou seja, manter um ritmo de envelhecimento saudável, é de 2,1.

A queda é explicada por diversos fatores, como religiosos e culturais, mas as dificuldades financeiras também impactam o planejamento dos casais na hora de ter um filho. Economistas destacam que não existe um número de quanto custaria ter um filho, com os gastos variando de acordo com a dinâmica familiar e a rede de apoio disponível para o casal.

O especialista em investimentos e planejador financeiro do banco Inter, Alexandre Magno, explicou em entrevista à Itatiaia, que os casais precisam ter uma vida financeira mais organizada para tornar a chegada de um filho “mais suave”. “Essa chegada não vai desestabilizar o orçamento de uma família, mas talvez agrave um orçamento que já esteja desestabilizado”, declarou.

Em um exercício de imaginação, Magno cita um casal jovem sem filhos que tenha uma rotina de viagens e saídas frequentes para a vida social. Nesse caso, um filho tende a diminuir esses eventos e gerar uma folga no orçamento para comportar os primeiros gastos da nova dinâmica familiar. Porém, uma criança exige um planejamento de longo prazo.

“Ter um orçamento bem montado, com plano de carreira, tarefas bem divididas entre o casal, fica tudo muito mais suave. Você não vai receber um filho pensando nele como um gasto, mas como uma mudança na dinâmica familiar”, disse o especialista.

Quais seriam os principais gastos?

Segundo Magno, o nível de gasto com uma criança depende da situação familiar atual. Casais com uma renda mais baixa podem ter como os principais gastos a manutenção básica do filho, como roupas, fraldas e alimentação. Um casal em que ambos trabalham fora, ter uma babá ou uma creche pode ser o principal desafio orçamentário.

Em outras dinâmicas, caso a criança tenha, por exemplo, necessidade de uma alimentação diferenciada nos primeiros meses, o orçamento pode sofrer maiores impactos. Ao longo dos anos, gastos com educação e saúde também vão pesar na balança familiar.

“O importante é cada família entender qual o momento de vida ela está. Se hoje tenho uma renda mais baixa, que não me permite fazer tantas coisas que eu queira com o meu filho, vou ter que manter um nível de gasto mais baixo. Na medida em que vou tendo folga no orçamento, eu posso assumir novos compromissos, investir um pouco mais em educação e saúde. Depende muito de cada família”, completou.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.