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Comércio em Minas Gerais tem queda de 0,6% nas vendas de agosto

Setor sofre pressão com taxa de juros alta, endividamento elevado dos consumidores, e tarifas internacionais

Setor registrou o segundo mês de queda no volume de vendas

O volume de vendas do comércio varejista em Minas Gerais teve uma queda de 0,6% em agosto, segundo a Pesquisa Mensal do setor (PMC) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (15). O resultado do estado é o quinto pior do país, atrás apenas de Amapá (-4,3%), Rondônia (-1,5%), Espírito Santo (-1,2%) e Roraima (1,2%).

Nos últimos 12 meses, o estado registrou 7 taxas positivas e 5 negativas, com um acumulado positivo de 0,8%. Porém, esse foi o segundo mês seguido de queda. Em julho, o recuo de vendas no setor foi de 1,1%, resultado melhor apenas do que abril, quando a retração foi de 1,6%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o volume de vendas do setor recuou 0,2%.

Segundo o presidente da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Nadim Donato, o setor está sendo impactado por uma política monetária agressiva, que estaria buscando compensar o desequilíbrio fiscal por meio de juros reais em “patamares estratosféricos”.

“Ao mesmo tempo, observa-se alto endividamento dos consumidores e um ambiente de instabilidade política, fatores que afetam diretamente as expectativas da economia. Não podemos esquecer dos reflexos das tarifas e da geopolítica internacional”, disse.

De acordo com o IBGE, 4 das 8 atividades investigadas tiveram queda na comparação com agosto de 2024. A maior queda de vendas foi em equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com recuo de 55%, seguido por móveis e eletrodomésticos com queda de 13%, hipermercados (-2,5%) e vestuário (-2,1%).

Outros quatro setores tiveram uma variação positiva. As vendas cresceram, principalmente, para artigos farmacêuticos (10,6%), combustíveis (7%), livros e artigos de uso pessoal (ambos com 5,1%). “O crescimento restrito a poucos segmentos não são suficientes para compensar as perdas nos demais. Projetamos um mercado fortemente competitivo, exigindo criatividade e preços adequados para conquistar o consumidor”, afirmou Nadim Donato.

Queda no Brasil foi interrompida

A tendência de queda no volume de vendas do comércio varejista foi interrompida no Brasil. O país registrou quatro meses seguidos de taxas negativas, mas em agosto houve um avanço de 0,2% no setor. Na comparação com o mesmo mês de 2024, houve um crescimento de 0,4%, o quinto consecutivo.

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Segundo o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, o comércio apresenta um cenário de sustentação de base alta, já que os últimos cinco meses foram de variações baixas, próximas de zero.

“O que muda é que a sequência de quatro variações pequenas, mas com viés de baixa, já estava fazendo uma diferença para o pico da série de março, em termos de patamar. Assim, com a entrada de agosto, observamos que essa diferença para de aumentar”, explicou.

No recorte nacional houve um crescimento em seis das oito atividades. Móveis e eletrodomésticos avançaram 2,7%, seguido por artigos farmacêuticos com 2,3%; artigos de uso pessoal (2,1%); vestuário (0,7%), livros (0,5%), e combustíveis e lubrificantes (0,4%).

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.