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Brasil terá que criar, em BH, espaço de memória por ativista assassinado, determina Corte Interamericana

Nascido em Juiz de Fora, Gabriel Sales Pimenta atuou como defensor em disputas judiciais pelo direito à terra

Nascido em Juiz de Fora, Gabriel Sales Pimenta atuou como defensor de trabalhadores e famílias em disputas judiciais pelo direito à terra em cidades do Pará. Foi assassinado por pistoleiros contratados.

Por decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), o governo brasileiro terá que criar um espaço público de memória, em Belo Horizonte, para homenagear o advogado Gabriel Sales Pimenta, morto com 3 tiros nas costas no dia 18 de julho de 1982 em Marabá (PA).

Nesta terça-feira (4), a Corte IDH condenou o governo brasileiro por falhas da condução do processo judicial para penalizar os responsáveis pelo assassinato do advogado, que assessorava a defesa de trabalhadores rurais no Pará. Na sentença, a Corte considerou que o Estado brasileiro violou direitos previstos na Convenção Americana de Direitos Humanos.

Entre outros pontos determinados pela Corte, conta a criação do espaço público na capital mineira, previsto para resgatar a memória e homenagear Pimenta e outros ativistas dos direitos humanos. “Criar um espaço público de memória, na cidade de Belo Horizonte, com a anuência dos familiares de Gabriel Sales Pimenta, no qual se valorize, proteja e resguarde o ativismo das pessoas defensoras de direitos humanos no Brasil, entre eles o de Gabriel Sales Pimenta”, mostra o trecho da decisão.

Nascido em Juiz de Fora, Gabriel Sales Pimenta atuou como defensor de trabalhadores e famílias em disputas judiciais pelo direito à terra em cidades do Pará. Foi assassinado por pistoleiros contratados.

Julgaram o caso os juízes Ricardo C. Pérez Manrique, presidente (Uruguai); Humberto Antonio Sierra Porto, vice-presidente (Colômbia); Eduardo Ferrer Mac-Gregor Poisot (México), Nancy López (Costa Rica), Verónica Gomez (Argentina) e Patricia Pérez Goldberg (Chile). O juiz brasileiro Rodrigo Mudrovitsch não fez parte da deliberação e assinatura desta sentença porque o regulamento da Corte não permite a participação em casos do país de origem.

Lucas Ragazzi é jornalista investigativo com foco em política. É colunista da Rádio Itatiaia. Integrou o Núcleo de Jornalismo Investigativo da TV Globo e tem passagem pelo jornal O Tempo, onde cobriu o Congresso Nacional e comandou a coluna Minas na Esplanada, direto de Brasília. É autor do livro-reportagem “Brumadinho: a engenharia de um crime”.