Veja se você tem ou já teve algumas dessas dores descritas abaixo!
Uma dor de cabeça que segue, desde a região posterior do pescoço até as têmporas, pode gerar sensibilidade no couro cabeludo, e não é pressão arterial elevada.
Uma dor fina, tipo agulhada, na região do tórax, muito incômoda à inspiração profunda, e não é pneumonia.
Uma dor de ouvido e de garganta, que aparece, normalmente, de um único lado, se intensifica ao bocejar, e não é infecção local.
Uma dor nas costas, que atrapalha o sono e te acorda quando você muda de posição na cama.
O que todas elas dores podem ter em comum? São causadas por pontos gatilhos ou trigger points, da chamada síndrome miofascial. Mio, de músculo, e fascial, de fáscia muscular - membrana fibrosa do tecido conjuntivo que envolve músculos, cápsulas articulares, tendões e ligamentos, em todo nosso corpo.
Essa é a causa mais frequente de dor musculoesquelética nos consultórios, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia. É mais comum nas mulheres, de meia-idade, e com hábitos sedentários, apesar de poder acometer qualquer pessoa.
Mesmo sendo frequente nos consultórios, nem todo profissional de saúde a conhece, por ser uma condição mais estudada nas especialidades médicas da Acupuntura, da Medicina de Família e da Reumatologia ou na área da Fisioterapia.
O que é a dor miofascial?
A síndrome miofascial é caracterizada pela presença de pontos dolorosos em fibras musculares com tensão aumentada, que causam dor local ou referida (a distância), rigidez e até limitação funcional, explica o fisioterapeuta Juliano Lopes, mestre em Ciências da Saúde pela UFMG e especialista em Fisioterapia Esportiva.
Esses pontos dolorosos podem estar inativos e causar incômodo somente quando comprimidos ou podem estar ativos e gerar dor constante, que pode ser localizada ou, na maioria dos casos, irradiar para outras áreas do corpo (veja as ilustrações) (a marca em x preta é o local do nódulo miofascial, a parte em vermelho demonstra a região onde o paciente percebe a dor).
Juliano Lopes relata que a dor miofascial, muitas vezes, é confundida com dores nos nervos, tendões ou articulações. E o pior é que pode recidivar, ou seja, retornar após um período de melhora.
Qual exame devo fazer para identificar a dor miofascial?
O diagnóstico é feito por exame físico, não necessitando de investigação por imagem. Quando o profissional de saúde desliza a mão pela região da musculatura que está tensionada, o próprio paciente percebe e informa a ocorrência de uma dor forte e aguda no local. Algumas vezes, chega a retirar o ponto doloroso da mão do examinador ou expressa a dor em sua face.
Dessa forma, o ponto gatilho é identificado. Cada um desses pontos produz uma dor específica, que, na maior parte das vezes, ocorre a certa distância do local apertado.
Existem diversos livros e mapas que demonstram a localização desse tipo de dor. Alguns deles já estão próximos da 40ª edição, como o dos autores Janet G. Travell, David G. Simons e Lois S. Simons, que apresentam o assunto com uma visão multidisciplinar. Basta procurar na internet para encontrar diversos desses mapas da dor.
Pelos mapas, verificamos que a dor é muito frequente na região do pescoço e dorso, mas podem acontecer nas coxas e nas nádegas.
O que pode gerar essa dor?
Diversos fatores de risco foram descritos e devem ser evitados pelos pacientes, sobretudo os que tem tendência a apresentar tal dor.
Sobrecarga muscular ou sedentarismo;
Movimentos repetitivos;
Traumas locais;
Má posição corporal, no dia a dia;
Falta de ergonomia no trabalho;
Longos períodos de trabalho assentado ou em pé;
Horas seguidas no celular com extensão da região do pescoço;
Bruxismo, causado quando o paciente aperta ou range involuntariamente dos dentes, durante o sono ou em situação de estresse.
Como devo tratar essa dor?
Diversos recursos são utilizados para aliviar o quadro, melhorar a circulação local e restaurar a funcionalidade do paciente.
“A reeducação dos padrões de movimento é essencial para promover a qualidade de vida e evitar a cronificação do quadro”, reforça o fisioterapeuta Juliano Lopes.
Entre as técnicas utilizadas estão:
Acupuntura;
Fisioterapia;
Melhorar a posição corporal;
Ajustar a mesa, a cadeira e o apoio de pé, durante o trabalho ou estudo;
Fazer pequenas pausas, durante o trabalho ou estudo;
Utilizar compressas mornas na musculatura acometida;
Usar alguns medicamentos, após devida prescrição, como relaxantes musculares e antidepressivos, em alguns casos;
Utilizar técnicas, com os devidos profissionais, de pressão local dos pontos ou mesmo injeção nos nódulos com anestésicos.