São hoje no Brasil 13.484 processos criminais envolvendo racismo, pendentes de julgamento, 97,4% deles, estão nas justiças estaduais. Entre eles, 1.384 estão em Minas Gerais, representam 10,3% do acervo do país. Entre 2024 e 2025, houve aumento no Brasil do número de processos criminais envolvendo racismo. Até a data de hoje, foram em 2025 mais de 7 mil novos processos, um crescimento de 66% em relação aos dez primeiros meses de 2024, quando foram registrados 4.205 novos processos criminais de racismo no país.
Aí vem a pergunta: Será que esse aumento de casos é reflexo de aumento das manifestações de racismo na sociedade brasileira ou será que a população brasileira, que segundo o censo de 2022 é em sua maioria composta por pretos ou pardos – 55,52% - está mais consciente? Talvez, as duas variáveis andem juntas. O censo de 2022 aponta o crescimento em relação ao censo de 2010, de 42,3% das pessoas que se autodeclararam pretas. Também houve crescimento de 11,9% das pessoas que entre os censos, passaram a se declarar pardas, que é hoje a maior categoria racial na população brasileira: 43,1%. É um bom sinal.
Esta data também nos faz pensar sobre o acesso da população negra aos espaços de poder em nossa sociedade, às oportunidades de ensino e às oportunidades no mercado de trabalho. Para citar um dado: neste país de maioria negra, apenas 14,25% dos juízes se autodeclaram negros e negras. E olhando para o conjunto dos servidores da Justiça brasileira, apenas 26,8% são negros, estatística muito parecida com a representação no Congresso Nacional.
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra se refere ao marco da morte de Zumbi dos Palmares, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. Zumbi é importante símbolo da luta antirracista no Brasil: representa a resistência dos negros escravizados contra a escravidão e da luta deles pela liberdade. Por essa razão, é celebrado o feriado no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, definido em 2023, a Lei nº 14.759. Já a data foi oficializada pela Lei nº 12.519/2011, em reforço à importância de valorizar a história, a cultura e as contribuições da população negra para a construção do país. É, portanto, um convite à reflexão sobre o racismo em nossa sociedade e as desigualdades que também decorrem de um processo histórico.