O policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, foi indiciado pelo
A delegada Iara França, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), relatou que o homem tinha um comportamento possessivo e opressor. Ex-companheiras de Rodrigo teriam relatado o mesmo comportamento.
“Nós temos ele como um perfil clássico de feminicida. Ele é um cara que nos relacionamentos anteriores já exercia um controle total. Ele é descrito por todos esses ex-relacionamentos como uma pessoa que sufocava as mulheres, que não as deixava viver. Essas vítimas relataram de forma espontânea a palavra ‘sufocamento’. Inclusive a vítima, Priscila, chegou a relatar isso para familiares dela um dia antes”, afirmou.
De acordo com a delegada, a polícia trabalha com o fato de as agressões terem sido motivadas por Caldas não aceitar o término do relacionamento, que durou cinco meses.
“Nós sabemos que a Priscila foi severamente agredida antes de ser morta. Foram encontradas várias lesões no corpo dela. O autor, quando entrevistado, chegou a confessar que matou ela por esganadura. Ele teria ficado com muita raiva de algo que ela teria dito. Nós sabemos que, provavelmente, a Priscila insistiu no término do relacionamento, até mesmo pela forma como ambos andam quando retornam para a casa dele, isso é visto nas imagens do bar próximo. E logo que chegaram em casa, ele fez essa esganadura contra ela”, afirmou a delegada.
Segundo Iara França, Rodrigo Caldas não assumiu que
“Ele mesmo disse que só soltou o corpo dela quando ela desfalecer, mas sabemos, na verdade, que ele também a agrediu severamente. Foram localizadas agressões, inclusive, nas mãos dela, indicando essa tentativa de defesa da vítima contra o agressor”, completou.
O crime
De acordo com a Polícia Militar (PM), a ocorrência começou quando o tio do policial contou que recebeu uma ligação do sobrinho confessando o crime e dizendo que também iria se matar. Assustado, ele acionou imediatamente a corporação.
A decisão judicial apontou, ainda, alguns detalhes da prisão do autor. Consta que ao chegarem no apartamento onde ocorreu o crime, os policiais precisaram arrombar a porta, que estava trancada.
Lá dentro, encontraram Rodrigo armado de uma faca e a mulher caída no chão de um quarto. Os agentes informaram que ao ver os policiais, o homem correu para o mesmo cômodo onde a vítima estava e passou a desferir facadas contra si próprio. Em seguida, avançou contra a equipe da PM com duas facas em punho.
Neste momento, os policiais utilizaram a pistola AIN (arma de incapacitação neuromuscular, semelhante a uma “arma de choque”) para pararem o agressor mantendo sua integridade física.
Rodrigo Caldas confessou assassinato
De acordo com a Polícia Militar (PM), um tio do policial contou que
Casal teria consumido álcool antes do ocorrido
Leonardo Alves de Sousa, de 48 anos, cunhado da vítima, contou à Itatiaia que o casal consumiu bebida alcoólica horas antes do ocorrido. “Como eles estavam tomando cerveja, eu mandei mensagem perguntando se eles haviam chegado em casa, mas ninguém respondeu”, disse.
O familiar lamentou a morte. “Infelizmente não tenho nem muito o que falar, não acho as palavras, mas eu quero que a justiça seja feita nesse caso”, disse.
Priscilla foi morta por asfixia mecânica e traumatismo craniano
Familiares revelaram à Itatiaia que o laudo apontou que Priscilla foi morta por asfixia mecânica por constrição e traumatismo craniano contuso, ou seja, ele a enforcava e batia a cabeça dela ao mesmo tempo.
Priscila se queixava de ‘possessividade’ de Rodrigo
A irmã de Priscilla Mundim, Fabíola Mundim, relatou que sentiu um ‘ciúme extremo’ por parte de Rodrigo Caldas.
Priscilla e Rodrigo foram à casa de Fabíola e do marido, Leonardo, na sexta-feira (15), um dia antes do crime. Lá ambos relataram que o policial penal demonstrou muito ciúmes da namorada. Em um certo momento, Fabíola contou que conversou com a irmã sobre a possessividade do policial.
“Na sexta-feira eles estavam lá em casa e eu senti um ciúme extremo da parte dele. E ela virou para mim e falou assim: ‘Fa, vem aqui comigo’.
Foi nessa hora que as duas se despediram e o casal foi embora. O marido de Fabíola, Leonardo Alves de Sousa, contou à imprensa que a esposa havia dito para que Priscilla dormisse na casa da mãe naquela noite em vez de ir à casa do namorado.
Fabíola relatou que estava muito preocupada e que no sábado pela manhã começou a ligar para a irmã, que não atendia. Ela e o marido, então, decidiram ir ao local. Rodrigo não atendia ao casal na porta e, quando atendeu a uma ligação de Leonardo, disse que havia ‘feito m****'.
Afastado, de férias ou trabalhando normalmente?
A Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) informou, em nota, que o policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, estava
Segundo Leonardo, cunhado de Priscilla, Rodrigo dizia que estava trabalhando normalmente e que estaria envolvido, inclusive, no caso do
Fontes da polícia penal também disseram à Itatiaia que Rodrigo Caldas trabalhava normalmente nos dias que antecederam o crime, contrariando a versão da Sejusp.
Além disso, Rodrigo dava outra versão para os familiares de Priscilla: que estava de férias-prêmio, um benefício dado a servidores públicos.
A Itatiaia entrou em contato com a Sejusp que manteve a versão do afastamento.
O que fazer para denunciar violência contra mulheres?
Para denunciar casos de violência contra as mulheres, ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, que recebe ligações telefônicas gratuitas de todo o país, de forma confidencial.
Pelo número, você pode receber orientações sobre direitos e informações sobre a rede de serviços públicos disponíveis em seu município.
O Ligue 180 também funciona como um canal de denúncia, encaminhando os casos aos órgãos estaduais da Segurança Pública e do Ministério Público.A denúncia de uma violência sexual também pode ser feita em qualquer delegacia de polícia civil, sendo as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) as principais portas de entrada dessas denúncias.
Em casos de emergência, ligue 190.