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Gari assassinado em BH: suspeito pode ser condenado a até 30 anos de prisão

Renê da Silva Nogueira Júnior está dividindo cela com homem que matou própria mãe “por causa de apostas”

Renê da Silva Nogueira Júnior foi transferido para o Presídio de Caeté nessa quarta-feira (13)

Preso desde a última segunda-feira (11), Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, apontado preliminarmente pela Polícia Civil como o assassino do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, pode pegar até 30 anos e seis meses de prisão, se condenado pelos crimes aos quais foi autuado: ameaça e homicídio qualificado — por motivo fútil e uso de recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima.

De acordo com o criminalista Luan Veloso, homicídio qualificado é uma forma mais grave do crime de matar (artigo 121, §2º, do Código Penal). “Ele ocorre quando existem determinadas circunstâncias que tornam a conduta mais reprovável, aumentando a pena de 12 a 30 anos de reclusão”, disse.

Essas circunstâncias, chamadas “qualificadoras”, estão previstas em lei e incluem, por exemplo, motivo fútil, motivo torpe, emprego de veneno, asfixia, traição ou emboscada.

No caso, de acordo com o criminalista, o “motivo fútil” é caracterizado como ''insignificante, desproporcional ou injustificável diante da gravidade de tirar a vida de alguém’’. Já a qualificadora de “dificultar a defesa da vítima” se aplica quando o autor reduz ou elimina a chance de reação da vítima — como atacar pelas costas, surpreender em momento de distração ou disparar de forma repentina.

Ainda segundo o advogado, a pena para homicídio qualificado vai de 12 a 30 anos de prisão. Já o crime de ameaça prevê detenção de 1 a 6 meses ou multa. “Se o réu for condenado por ambos, aplica-se o concurso material (penas somadas), podendo a pena total variar de 12 anos e 1 mês até 30 anos e 6 meses”, acrescentou.

Agora, com a prisão ratificada, o caso segue em investigação pela Polícia Civil, e o julgamento pode demorar. Ao final do inquérito, o delegado encaminha o processo ao Ministério Público, que poderá oferecer denúncia contra o suspeito.

“Se isso ocorrer, o caso vai para a Justiça. Por se tratar de homicídio doloso (com intenção de matar), o acusado poderá ser julgado no Tribunal do Júri, onde sete jurados decidem pela condenação ou absolvição”, explicou.

Renê nega ter matado Laudemir

Consta, também, no Boletim de Ocorrência que, ao ser questionado sobre a participação no crime, Renê negou a autoria. “Ao ser indagado, respondeu que não participou do episódio”, cita o BO. Além disso, o suspeito relatou que o carro que dirigia no momento do crime estava no nome de sua esposa. Foi realizada uma vistoria no veículo, mas nada de ilícito foi encontrado.

    O crime

    Segundo testemunhas, a situação teria começado quando Renê Júnior se irritou com o fato do caminhão de lixo, que estava em serviço, estar ocupando parte da rua e atrapalhando sua passagem.

    A situação irritou o empresário, que teria iniciado ameaças aos profissionais, começando com a motorista do caminhão. O dono da empresa terceirizada da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) onde Laudemir trabalhava contou à Itatiaia que o suspeito colocou um revólver no rosto da mulher antes de disparar contra o gari, que deixa uma filha.

    “A motorista disse que a rua é larga, que ela encostou o caminhão um pouco e pediu para o rapaz, que estava em um BYD grande, passar. Só que ele já tirou o revólver, colocou na cara dela e falou que, se ela encostasse no carro dele, iria matar todo mundo”, contou o dono, que não será identificado.

    Os garis pediram “pelo amor de Deus” para que o condutor não atirasse, mas não adiantou. “O carro já tinha passado. Aí ele saiu do carro, deu um tiro e acertou o abdômen desse gari. Ele foi socorrido para o hospital Santa Rita, mas faleceu. Agora é tentar, através de imagens de câmeras, localizar a pessoa. Coisa bárbara. A gente nunca viu uma situação dessas. Muito triste”, lamentou.

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    Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
    Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
    Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.