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Suspeito de matar gari detalha momento de sua prisão em academia: “Não fui algemado”

Renê da Silva Nogueira Júnior tratou Laudemir como “o rapaz que teve a infelicidade de falecer”

Audiência de custódia de Renê Júnior, realizada na manhã desta quarta-feira (13)

Preso desde a última segunda-feira (11), pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47, revelou, em audiência de custódia, realizada nesta quarta (13), como foi o momento de sua prisão, ocorrida em uma academia na região Oeste de Belo Horizonte, horas após o crime.

Renê relatou sua rotina até ser preso e tratou Laudemir como “o rapaz que teve a infelicidade de falecer”.

“Fui para minha casa, levei o cachorro para passear, troquei de roupa e fui para a academia. Cheguei 14h10 e, adentrando a academia, eu desci do elevador e no outro elevador desceram os policiais e a advogada da empresa. Acredito eu, da empresa do rapaz que teve a infelicidade de falecer.

Ela falou assim ‘é esse cara aí de bermuda azul e camisa branca’. Só que não era a mesma roupa que eu tava de manhã. Eu estava sendo reconhecido com uma roupa diferente. Eu fui trabalhar de calça social preta, da Diesel, e uma camisa pólo marrom. Fui abordado dessa forma e eles não alegaram que eu estava sendo preso. Não fui algemado, não fui nem atrás do carro, fui junto com eles na frente, para a delegacia da Polícia Civil esperar meus advogados chegarem”, contou Renê Júnior.

Veja as declarações no vídeo abaixo:

Renê nega ter matado Laudemir

Consta, também, no Boletim de Ocorrência que, ao ser questionado sobre a participação no crime, Renê negou a autoria. “Ao ser indagado, respondeu que não participou do episódio”, cita o BO. Além disso, o suspeito relatou que o carro que dirigia no momento do crime estava no nome de sua esposa. Foi realizada uma vistoria no veículo, mas nada de ilícito foi encontrado.

O crime

Segundo testemunhas, a situação teria começado quando Renê Júnior se irritou com o fato do caminhão de lixo, que estava em serviço, estar ocupando parte da rua e atrapalhando sua passagem.

A situação irritou o empresário, que teria iniciado ameaças aos profissionais, começando com a motorista do caminhão. O dono da empresa terceirizada da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) onde Laudemir trabalhava contou à Itatiaia que o suspeito colocou um revólver no rosto da mulher antes de disparar contra o gari, que deixa uma filha.

“A motorista disse que a rua é larga, que ela encostou o caminhão um pouco e pediu para o rapaz, que estava em um BYD grande, passar. Só que ele já tirou o revólver, colocou na cara dela e falou que, se ela encostasse no carro dele, iria matar todo mundo”, contou o dono, que não será identificado.

Os garis pediram “pelo amor de Deus” para que o condutor não atirasse, mas não adiantou. “O carro já tinha passado. Aí ele saiu do carro, deu um tiro e acertou o abdômen desse gari. Ele foi socorrido para o hospital Santa Rita, mas faleceu. Agora é tentar, através de imagens de câmeras, localizar a pessoa. Coisa bárbara. A gente nunca viu uma situação dessas. Muito triste”, lamentou.

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Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.