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Segundo a administração do condomínio, a eleição ocorreu dentro da legalidade, mas
“Eles não nos deixam conferir os documentos públicos. Ele tem centenas e centenas de procurações para votar em si mesmo e não deixa nenhum de nós conferir”, afirmou o servidor público Leandro Boaventura.
O novo síndico, que tem 38 anos de trajetória no conjunto, comemorou. “Eu me elegi, graças a Deus, e acho que todos nós trabalhamos por uma causa em comum: o JK. Sei que muita gente não concorda, mas a divergência é sempre bem-vinda. O importante é que a maioria venceu, e nós vamos fazer um excelente trabalho voltado para os moradores e para o condomínio”, disse Manuel logo depois da assembleia.
O advogado do condomínio, Faiçal Assrauy, afirmou que as procurações “foram conferidas pela comissão e agora elas vão ser disponibilizadas”, mas destacou que, naquele momento, a prioridade era conter o desentendimento. “O problema era o tumulto naquela hora. Não dava para parar tudo para uma pessoa que estava votando contra ficar conferindo centenas de procurações, porque a gente não ia sair do lugar”, justificou.
Revolta dos moradores
Após a assembleia, o clima era de revolta entre os presentes, que lotaram o auditório do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, parte do complexo do JK. A moradora Julieta Sueldo Boedo esteve no local e recordou que, em 2021, enfrentou um período “muito, muito pesado”, quando foi alvo de 66 interpelações, dois processos cíveis, dois processos criminais e até de um inquérito após tentar se candidatar, pela primeira vez em décadas, em uma chapa de oposição.
Naquela ocasião, Maria das Graças chegou a exigir uma caução de R$ 4 milhões para quem quisesse disputar o cargo e foi acusada de práticas de calúnia e perseguição.
Na visão dela, na assembleia desta terça (30), mais uma vez, não houve transparência. “Não teve contagem de voto, nem de procurações, e a mesa era formada pela mesma chapa”. Ela disse, ainda, que “o microfone não é dado para ninguém” e que as questões eram declaradas “aprovadas” em menos de 3 segundos.
Leandro Boaventura contou que deixou a assembleia após presenciar um episódio de agressão. “A mesa diretora não deixa nossos condôminos darem a nossa opinião e nem votarmos. Ela cessa, ela corta toda e qualquer manifestação, qualquer opinião”, relatou. Ele ainda disse que uma moradora chegou a ser retirada da cadeira à força por seguranças após questionar a condução da votação.
Por outro lado, o advogado do condomínio também alegou que foi agredido. “Uma das condôminas me agrediu, outras chegaram a ofender, e por aí vai. Eu não podia interromper os trabalhos por causa disso”, afirmou Faiçal Assrauy.
O designer Rafael Silva de Paula relatou frustração com a condução da assembleia. “A mesa determinava e os moradores se manifestavam, mas não eram ouvidos. Aprovavam o que queriam, literalmente”, disse. Segundo ele, a experiência foi tão negativa que chegou a provocar mal-estar. “Saí de lá chocado, sentindo até um leve enjoo, tremendo por dentro. Acho que foi a maior palhaçada que já vi na vida.”
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Convocação
A convocação ocorreu devido ao estado de saúde da antiga síndica, cuja gestão durou cerca de 40 anos. Segundo o advogado do condomínio, Faiçal Assrauy, seu quadro continua ''bem complicado’’. Ela está internada há mais de um mês no Hospital Felício Rocho, na região Centro-Sul, e não tem perspectiva de melhora. A causa da hospitalização não foi divulgada.
O chamado da assembleia foi assinado por Manuel, síndico em exercício, que já estava na administração durante o afastamento.
A audiência está marcada para 7 de outubro.