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Veja quem é o ex-faxineiro que se tornou síndico em exercício do Edifício JK, em BH

Gestão do Edifício JK está no centro do debate após a internação da síndica que está no cargo há 40 anos; nessa quinta-feira, o irmão dela renunciou

Manuel Gonçalves de Freitas Neto atua como gerente do Condomínio JK desde 2004

O subsíndico Manuel Gonçalves de Freitas Neto, de 61 anos, está à frente da administração do Edifício JK, ícone projetado por Oscar Niemeyer na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, enquanto a síndica Maria Lima das Graças, de 78 anos, permanece internada no Hospital Felício Rocho, na mesma região. Nessa quinta-feira (11), Caio Rômulo Delgado de Lima, de 57 anos, irmão da síndica, renunciou ao cargo de subsíndico que exercia ao lado de Manuel.

Ambos haviam sido nomeados em 7 de dezembro, durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO) realizada no auditório do Cruzeiro Esporte Clube, no Barro Preto, quando Maria das Graças foi reeleita. Desde a internação da síndica, em 18 de agosto, Manuel já vinha conduzindo o dia a dia do condomínio.

Segundo Faiçal Assruy, advogado que representa o JK, Manuel Gonçalves é natural de Pau Brasil, na Bahia, e veio para Belo Horizonte em busca de oportunidades de trabalho. “A família dele tinha dinheiro na Bahia, mas quebrou. Então, ele veio com um ou dois irmãos para BH e conseguiu emprego no JK como faxineiro”, relatou.

A trajetória dele no condomínio com mais de 1,1 apartamentos soma 38 anos, de acordo com o representante. “Ele fez de tudo lá. Poderia ter se acomodado, mas foi atrás, estudou, se formou em Direito e tirou a OAB”, acrescentou a Assruy.

Caso Maria das Graças não possa reassumir as funções, Manuel poderá continuar como síndico interino até que o conselho convoque novas eleições. “Se ela não puder retornar, o conselho deverá convocar imediatamente o processo eleitoral. Nesse cenário, as chapas interessadas poderão se candidatar de forma democrática, e uma delas será eleita”, explicou o advogado.

Em novembro de 2020, após décadas, uma chapa de oposição tentou concorrer. Na época, moradores denunciaram que a assembleia foi convocada sem tempo hábil para inscrição de candidaturas, além de relatarem o recebimento de bilhetes anônimos com ameaças, calúnia e perseguição.

Irmão renuncia

Segundo o advogado, após repercussão e especulações sobre o comando do JK, o irmão da síndica renunciou por falta de tempo, de conhecimento sobre a gestão do condomínio e por estar focado na recuperação da irmã. Questionado sobre o motivo da nomeação de dois subsíndicos em dezembro do ano passado, Faiçal Assruy respondeu:

“Não saberia te dizer por que foram dois subsíndicos. O estatuto prevê apenas um. Acredito que possa ter sido um erro de redação na ata, talvez cometido pelo secretário, porque, até onde sei, sempre houve apenas um subsíndico. Tanto é que o Caio, quando surgiu a oportunidade, disse: ‘Pelo amor de Deus, não quero de jeito nenhum’, e já assinou a renúncia. O que realmente aconteceu só ela poderia esclarecer, mas entendo que foi alguma falha.”

Síndica continua internada, e audiência é mantida

Maria das Graças internada desde 18 de agosto, segundo os moradores. “Ela é idosa e foi acometida por um problema de saúde. Falam que é uma infecção persistente”, disse uma fonte.

Maria das Graças e Manuel respondem a uma denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por crimes contra o patrimônio cultural, devido à falta de manutenção em áreas tombadas. A audiência que pode resultar no afastamento de ambos está marcada para 7 de outubro. Segundo o MPMG, entre 2020 e maio de 2024, Maria das Graças e Manuel, agindo em nome do condomínio, deixaram de conservar e preservar o Edifício JK e a sede do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG).

A omissão teria causado infiltrações, estufamento e descolamento de revestimentos, manchas de umidade e fissuras em paredes e tetos. O piso original de tacos de madeira também foi danificado.

Questionado sobre a possibilidade de adiamento da audiência, o advogado afirmou: “Nossa postura é colaborar com o Judiciário e com o Ministério Público. Não trabalhamos em rota de colisão com nenhum deles. Salvo alguma mudança de quadro, nossa intenção é manter a data.”, disse o advogado, acrescentando que os problemas apontados na denúncia do MP já foram resolvidos com a conclusão da obra de impermeabilização. No entanto, a eficácia a longo prazo só poderá ser confirmada no próximo período de chuva, devido à complexidade das duas lajes sobrepostas do edifício, que permitem a circulação da água entre elas e podem gerar nova infiltração.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
Graduada em Jornalismo pela PUC Minas, é repórter da Itatiaia desde abril de 2023, na equipe de redes sociais. Já passou pela redação do jornal Estado de Minas e assessoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tem experiência principalmente em vídeos, podcasts e reportagens multimídia.