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Morte de gari em BH: Justiça marca interrogatório de Renê Júnior; saiba datas

Juíza ainda derrubou sigilo do processo e negou pedido de nulidade da confissão feito pela defesa do acusado

Renê da Silva Nogueira Júnior em uma foto de suas redes sociais, no momento de sua prisão e ao dar entrada no sistema penal

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais marcou para os dias 25 e 26 de novembro as audiências de instrução e julgamento do caso do assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, morto pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 44 anos, no último dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte.

As audiências, marcadas pela juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do 1º Tribunal do Júri Sumariante da Comarca de Belo Horizonte, serão divididas da seguinte forma:

  • 25 de novembro: reservado para depoimentos de testemunhas de acusação, a partir das 9h
  • 26 de novembro: reservado para depoimentos de testemunhas de defesa e interrogatório do réu

Na decisão, a juíza não acolheu o pedido da defesa de nulidade da confissão de Renê Júnior. Os advogados do acusado argumentaram que ela ocorreu em delegacia, sem a presença de advogado.

Ana Carolina Rauen entendeu que as manifestações ocorreram por livre manifestação de Renê, sem evidências de coação.

“Em fase inquisitorial, a formalidade de defesa técnica não se impõe como condição de validade dos atos. Além disso, não se vislumbra qualquer vício de consentimento apto a comprometer a livre manifestação de vontade do acusado: a defesa não apresentou prova concreta que demonstre coação, constrangimento ou qualquer outro elemento que tenha anulado ou fragilizado o valor confessório extrajudicial”, publicou a magistrada.

Ficou definido, ainda, o fim do segredo de Justiça sobre o processo. O mecanismo havia sido determinado, em outubro, por risco de vazamento de informações protegidas.

Renê da Silva Nogueira Júnior é acusado de homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, com recurso que dificultou a defesa da vítima e perigo comum), porte ilegal de arma de fogo, ameaça (contra a motorista do caminhão) e fraude processual (por tentar trocar a arma do crime).

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O crime

Laudemir de Souza Fernandes foi morto com um tiro no abdômen na manhã do dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. A vítima chegou a ser socorrida por populares, mas não resistiu.

A vítima trabalhava na coleta de lixo quando Renê Júnior, que dirigia um BYD de cor cinza, que seguia no sentido contrário, se irritou, alegando que o veículo atrapalhava o trânsito.

Armado, Renê apontou a arma para a motorista do caminhão e ameaçou atirar no rosto dela. Ele seguiu, passou pelo caminhão, desceu do carro com a arma em punho, deixou o carregador cair, o recolocou e atirou contra o gari.

A bala atingiu a região das costelas do lado direito, atravessou o corpo e se alojou no antebraço esquerdo. Renê foi preso horas depois, ao chegar à uma academia de alto padrão na Região Oeste de BH.

Renê pediu que sua esposa entregasse uma arma diferente da utilizada no crime

A Itatiaia teve acesso a mensagens trocadas entre o empresário Renê da Silva Júnior, assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes, com a mulher, a delegada da Polícia Civil Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, em que ele disse para ela:

“Estava no lugar errado, na hora errada. Amor, eu não fiz nada.”

Depois, sobre a arma, ele falou para que a esposa pegasse uma outra arma, e não a que foi usada no crime.

“Pega a 9 mm, entrega a 9 mm, não pega a outra.”

A 9 mm não foi a arma usada no crime. Para matar Laudemir Fernandes foi uma 380.

Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.