A fruticultura brasileira é um dos setores ameaçados pela tarifa de 50% dos Estados Unidos, imposta por Donald Trump. No entanto, os impactos não são imediatos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Para os pesquisadores, apesar da forte pressão sobre a competitividade, a manutenção parcial dos embarques das principais frutas e derivados para o mercado norte-americano afasta, no curto prazo, um cenário de colapso na cadeia produtiva.
O levantamento concentrou-se em três produtos-chave da pauta exportadora:
Setor do suco de laranja pode ter prejuízo de R$ 1,5 bilhão mesmo fora da tarifa Com tarifaço de Trump, governo estuda aumentar mistura de frutas em bebidas Além do suco de laranja, manga vira alvo e preocupa setor em meio ao tarifaço de Trump
Segundo o Cepea, as principais exportadoras de manga e uva revelam que parte dos embarques será mantida no segundo semestre para “honrar contratos estratégicos e minimizar perdas comerciais imediatas”. Isso porque o anúncio da sobretaxa ocorreu após a definição logística e o fechamento de acordos, tenso pouca margem para redirecionar vendas nesta safra. No entanto, permanece incerto o quanto deixará de ser exportado e o impacto sobre a capacidade de reinvestimento nas próximas safras, especialmente no Vale do São Francisco - principal polo da fruticultura no país.
A Abrafrutas declarou a pesquisa que o momento exige uma dupla estratégia: negociar com importadores para diluir o impacto tarifário e preservar contratos; e acionar o governo brasileiro para adotar medidas emergenciais, como prorrogação de custeios, crédito a juros reduzidos, antecipação de créditos à exportação e restituição acelerada de ICMS. A entidade alerta que há risco de queda acentuada de preços, erosão de margens e perda de capacidade de investimento futuro, afetando cadeias como açaí, gengibre, manga e uva.