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Alívio no agro: suco de laranja escapa da tarifa de Trump e evita prejuízo bilionário ao Brasil

40% das exportações brasileiras de suco de laranja tem como destino os Estados Unidos

Mercado de suco de laranja é um dos mais relevantes do agro brasileiro

O suco de laranja foi um dos produtos que integrou a lista de isenção da tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida que afeta outros setores, como o café, carne bovina e peixe, entrou em vigor nesta quarta-feira (6).

Segundo o presidente da Associação Nacional dos exportadores de sucos cítricos (Citrus BR), Ibiapaba Neto, 40% das exportações brasileiras tem como destino o mercado norte-americano, que no último ano foi responsável por US$ 1,3 bilhão em receitas.

“Se o mercado americano fosse fechado para o suco de laranja brasileiro, o prejuízo seria gigantesco para as indústrias e para o campo. Felizmente, a exclusão do item da tarifa evitou um colapso. Ainda assim, é um sinal de alerta”, avalia Leandro Avelar, CEO da JPA Agro, marketplace de agro.

Mercado de suco de laranja

O mercado de suco de laranja é um dos mais relevantes do agro brasileiro. Empresas como Cutrale (a maior do mundo), Citrosuco (ligada ao grupo Votorantim) e a francesa Louis Dreyfus Company são responsáveis por movimentar bilhões anualmente com exportações, boa parte para os EUA. Essas companhias possuem inclusive unidades de operação em solo norte-americano, o que facilitou as negociações de isenção com o governo dos EUA.

De acordo com Leandro, essa relação consolidada explica a manutenção do canal de exportação: “essas indústrias têm operação direta nos EUA, o que ajudou na abertura do diálogo e na negociação para manter a fluidez comercial. Mas isso não é garantia de estabilidade a longo prazo. O Brasil precisa estar atento.”

Outros produtos isentos e ameaçados

Entre os itens agrícolas brasileiros que escaparam da sobretaxa estão: fertilizantes, madeira tropical, castanha-do-brasil, polpa de madeira, sisal e o próprio suco de laranja. Por outro lado, carne bovina, frutas frescas, café, manga, cacau e abacaxi permanecem sob impacto tarifário elevado.

Para Leandro, há espaço para negociação futura. “O secretário de Comércio dos EUA já sinalizou a possibilidade de tarifa zero para alimentos que o país não produz internamente. Isso pode abrir caminho para novos acordos, e o Brasil precisa estar pronto para aproveitar essa janela. Mas, até lá, setores importantes do agro continuarão pressionados”.

A pressão, segundo ele, é especialmente preocupante para pequenas e médias empresas exportadoras, que já operam com margens apertadas e têm nos EUA um de seus mercados mais valiosos.

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Apesar do alívio parcial, a situação exige cautela. Leandro destaca que a diplomacia econômica deve continuar ativa, especialmente para garantir a isenção futura de produtos ainda tarifados, como o café, que representa 17% das exportações brasileiras para os EUA.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde