O desempenho das cadeias agropecuárias do Paraná está diretamente ligado aos custos de produção. Embora cada setor apresente dinâmicas próprias, tanto grãos quanto proteínas animais vivem um período em que rentabilidade, preços e desafios logísticos dialogam com o comportamento dos custos. Os dados fazem parte do
Segundo o documento, os destaques positivos vêm do café, com custos de produção cobertos com facilidade pelos preços registrados nas duas últimas safras, e da
Café e soja
O setor do café tem um dos melhores desempenhos econômicos, impulsionado por uma safra 10% maior que o mesmo período em 2024. A produção estimada é de 745 mil sacas beneficiadas, contra 679 mil sacas no ciclo anterior. O desempenho é atribuído a melhores condições climáticas, especialmente de disponibilidade hídrica.
Mais de 80% da safra já foi comercializada, com preços favoráveis. A maior parte das vendas registrou valores acima de R$ 2.000 por saca, com recuo apenas entre julho e agosto, auge da entrada da colheita. O Deral aponta que a média de preços deve se manter próxima desse patamar, o que é cerca de 15% superior ao registrado em 2024, quando a saca beneficiada estava em R$ 1.668,60. O custo total de produção de uma saca beneficiada hoje é de R$ 1.137,00, garantindo ampla margem ao cafeicultor.
Já a soja mantém a estabilidade nos custos e forte potencial de lucratividade. O levantamento do Deral indica que o custo variável para produzir 55 sacas por hectare é de R$ 3.212,00 (equivalente a R$ 58,39 por saca). O valor representa alta de apenas 0,76% em relação ao mesmo período de 2024. Esse leve acréscimo veio pelo custo do transporte externo, sementes e fertilizantes. Entretanto, as despesas com agrotóxicos recuaram 7%, ajudando a conter a elevação geral. Com a saca negociada em torno de R$ 120,00, a lucratividade bruta estimada é de 106%.
O plantio da soja está praticamente concluído no Paraná, alcançando 99% dos 5,77 milhões de hectares previstos para a safra.
Leite e ovos
O setor lácteo vive mais um mês de retração no preço pago ao produtor. Em novembro, o litro posto na indústria caiu 5,74% em relação a outubro, acumulando queda de aproximadamente 18% nos últimos 12 meses, conforme dados do Deral.
As indústrias paranaenses importaram 250 toneladas de leite em pó em outubro, o que representa uma alta de 25% em relação a setembro. No entanto, esse volume tende a recuar a partir de novembro, após a sanção da lei estadual 22.765/2025, que proíbe a reconstituição de leite em pó importado no Paraná.
O mercado de
No mercado internacional, os Estados Unidos ainda figuram como principal importador de ovo do Brasil, com 19.578 toneladas importadas e US$ 41,606 milhões, o que representa aumentos superiores a 1.000% em volume e receita. Porém, após a tarifa de 50% imposta em agosto, as importações despencaram. O país saiu de 3.774 toneladas em julho para apenas 41 toneladas em outubro, retração de 82,9% em volume e 90,9% em receita na comparação com outubro do ano passado.
O tarifaço interrompeu o crescimento acelerado que vinha reposicionando o Brasil como fornecedor relevante desse mercado. Em novembro de 2025, os EUA anunciaram a retirada da tarifa adicional para alguns produtos brasileiros, como café, carne bovina, carne suína e frutas tropicais, após negociações entre os governos. No entanto, a retirada da tarifa de produtos remanescentes, como os ovos, ainda não possui previsão.
Suínos
Em outubro a suinocultura havia registrado a maior rentabilidade do ano no Paraná. A margem atingiu R$ 1,45/kg, superando os R$ 1,39/kg observados em setembro, até então o melhor resultado de 2025.
O desempenho resulta da combinação entre o melhor preço pago ao produtor no ano e o segundo menor custo de produção do período. Em outubro, o valor recebido pelo produtor foi de R$ 7,22/kg, aumento de 0,8% frente a setembro e de 3,8% em relação a outubro de 2024.
O custo estimado pela Embrapa Suínos e Aves ficou em R$ 5,77/kg, repetindo o valor de setembro e ficando 3,5% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado. Para novembro, a tendência é de leve redução na rentabilidade, devido à queda de 1,2% (R$ 0,09) no preço pago ao produtor.