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Carne e café vivem momentos distintos na busca por novos mercados

Enquanto a carne brasileira amplia destinos, o café enfrenta incertezas

Café brasileiro é um dos mais afetados pela tarifa de 50%

A indústria da carne do Brasil já conquistou três novos mercados após o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. Além de São Vicente e Granadinas, no Caribe, o país passou a exportar para a Indonésia, o quarto mais populoso do mundo, incluindo carne bovina com osso e miúdos e para as Filipinas.

Segundo Pedro Braga, presidente do Sinduscarne, entidade que representa a indústria de carnes em Minas Gerais, as sobretaxas americanas impactaram a competitividade do produto brasileiro. “Os Estados Unidos aplicaram uma tarifa de 24,6% sobre a carne bovina brasileira. Já vínhamos nos preparando para isso desde o ano passado. Nossa competitividade frente à carne australiana e argentina já estava comprometida”, explica.

“Hoje atendemos mais de 160 mercados diferentes, com carne de qualidade. No início houve dúvidas, pois tínhamos cerca de 160 mil toneladas em trânsito para os Estados Unidos ou nos portos, mas tudo foi esclarecido após o decreto, e agora estamos direcionando esforços para outros países”, ressaltou Braga sobre o papel do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na abertura de novos mercados.

Braga destaca que a suspensão das exportações para os EUA não afeta os preços no mercado interno: “A carne exportada para os Estados Unidos é voltada principalmente para a indústria, usada na produção de hambúrgueres. Não é o mesmo corte que encontramos nos supermercados”.

Café enfrenta barreiras

Enquanto a carne encontra alternativas, o café brasileiro, maior fornecedor do produto para os Estados Unidos, é um dos mais afetados pela tarifa de 50%.

Para Juliana Paulino, produtora de café em Monte Santo de Minas, que exporta para EUA, Itália, Nova Zelândia, Inglaterra, Índia e Coreia do Sul com apoio do Sebrae, o tarifaço desestruturou contratos já firmados. “O impacto foi grande, pois trabalhamos com contratos antecipados. Já estávamos fechando negócios para fevereiro, abril e maio do ano que vem. Essa medida pegou todos de surpresa e atrapalhou a cadeia produtiva”, relata.

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Alguns contratos precisaram ser renegociados, outros foram suspensos até uma definição. “Não é só parar de vender para os EUA e começar a vender para China ou Japão. As relações comerciais são construídas ao longo de muitos anos, e a parceria Brasil-Estados Unidos é antiga”.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) informou que busca a inclusão do café na lista de exceções da ordem executiva americana, o que poderia reduzir os danos ao setor.

Fabiano Frade é jornalista na Itatiaia. Cobre as pautas de cidades e geral, com dedicação especial à Central de Trânsito. Antes da rádio de Minas, passou pela Rádio Band News FM e também pela BTN, onde cobriu o trânsito para várias rádios de BH e Brasília.