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Após dois meses de tarifaço, manga, uva e suco de laranja resistem, mas lucros diminuem

Setor de frutas conseguiu manter o fluxo de embarques; diversificação evitou queda acentuada nos preços

Manga, uva e suco de laranja resistem mas lucros diminuem

Após dois meses do início da onda de tarifas impostas pelos Estados Unidos, o setor de frutas do Brasil demonstrou resiliência, conforme análise da revista Hortifruti Brasil, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Apesar de sobretaxas que chegaram a 50%, as exportações de manga, uva e suco de laranja (fora do tarifaço) mantiveram o ritmo em volume, embora o faturamento tenho diminuído.

Segundo os pesquisadores, o setor conseguiu manter o fluxo de embarques, mas opera com margens consideravelmente mais estreitas.

Manga em destaque

A manga se sobressaiu como o ponto positivo do período. Beneficiada pela antecipação da safra mexicana e pela elevada qualidade da fruta brasileira, o país conseguiu ampliar o volume de embarques tanto para os Estados Unidos quanto para a Europa. Grandes players do setor, como a Special Fruit, mantiveram seus contratos e parcerias estratégicas, garantindo estabilidade e reafirmando o papel de destaque do Vale do São Francisco no fornecimento global da fruta.

Uva: redirecionamento e perdas

O cenário foi mais desafiador para o setor de uva. Os pesquisadores do Cepea indicam que a fruta enfrentou um dos momentos mais difíceis da última década, com o mercado norte-americano – crucial para variedades como as candies – praticamente fechado devido às tarifas. A reação do setor foi imediata: volumes foram redirecionados para a Europa, Argentina e, notavelmente, para o mercado interno.

Esse esforço de diversificação evitou uma queda acentuada nos preços, mas não foi suficiente para compensar as perdas totais decorrentes do fechamento parcial do mercado estadunidense. As exportadoras agora voltam seu foco para 2026, com planos de maior diversificação e estímulo ao consumo doméstico.

Suco de laranja em contraste

No caso do suco de laranja, a isenção da sobretaxa de 40% permitiu a manutenção dos embarques do suco concentrado para os Estados Unidos. Contudo, a tarifa de 50% segue penalizando os derivados do suco, como óleos e farelo. Segundo o Cepea, essa dualidade reforça a urgência e a importância de acordos bilaterais que garantam maior competitividade ao complexo citrícola brasileiro.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde