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Robô usa luz ultravioleta para diagnóstico precoce de doença em algodão e soja

Protótipo já registra resultados promissores no diagnóstico de infecção por nematoides em experimentos realizados em casa de vegetação

Sistema robótico autônomo, que opera à noite, foi batizado de LumiBot

Uma nova tecnologia consegue gerar dados que permitem a construção de modelos para fazer o diagnóstico precoce de nematoides em plantas de algodão e soja antes mesmo do aparecimento dos sintomas. O sistema robótico autônomo, que opera à noite, batizado de LumiBot, foi desenvolvido pela Embrapa Instrumentação (SP) em parceria com a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), de Mato Grosso.

O LumiBot emite luz ultravioleta-visível sobre as plantas e analisa a fluorescência capturada nas imagens das folhas, com câmeras científicas. Dessa forma, identificam a ameaça do parasita microscópico de 0,3 a 3 milímetros de comprimento que ataca a cotonicultura e a sojicultura.

O robô é um protótipo, mas já apresenta resultados promissores no diagnóstico de infecção por nematoides em experimentos realizados em casas de vegetação. Foram cerca de sete mil imagens coletadas em três anos de pesquisa.

“Conseguimos gerar dados e modelos com taxas de acerto acima de 80%, além de diferenciar as doenças do estresse hídrico”, contou a pesquisadora Débora Milori, coordenadora do estudo e do Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf).

A próxima etapa do estudo será o desenvolvimento de um equipamento para operação em campo, como, por exemplo, adaptar o aparato óptico em um veículo agrícola do tipo pulverizador gafanhoto ou veículo rover.

Menos químicos na lavoura

De acordo com a pesquisadora, o método convencional de controle de nematoides baseia-se na aplicação de nenematicidas aplicados no solo ou nas sementes, antes do plantio. Esses produtos agem reduzindo a população de nematoides próximos às raízes. Entretanto, essa aplicação tem custo elevado, pode causar impacto ambiental e a eficácia é variável dependendo das condições do solo. Outras estratégias de controle são através do controle biológico, rotação de culturas e o desenvolvimento de cultivares resistentes.

“Uma alternativa mais eficiente e econômica seria o monitoramento da área plantada, com a aplicação de estratégias de controle apenas nas regiões efetivamente infestadas. No entanto, ainda não existem equipamentos comerciais capazes de detectar precocemente a presença da doença nas plantas. Nesse contexto, o uso de técnicas fotônicas surge como uma solução promissora”, declarou a coordenadora do estudo.

Para o consultor Comdeagro, Sérgio Dutra, o diagnóstico precoce de doenças é fundamental para que os agricultores possam agir rapidamente e de forma localizada. “Com isso, evita-se o uso excessivo de defensivos químicos e a redução do impacto ambiental, um avanço importante para a agricultura de precisão no Brasil. É possível ainda melhorar a qualidade da fibra e garantir maior rentabilidade para o produtor”, garantiu o especialista.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.