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Açaí tinto valoriza comunidades ribeirinhas e ganha espaço como bebida fermentada

Oficina da Embrapa e Flor de Samaúma ensina produtores do Pará e Amapá a fabricar e comercializar o “vinho de açaí”, fortalecendo a bioeconomia regional

Produtores participantes receberam kits de produção artesanal

O Açaí Tinto, conhecido como “vinho de açaí”, possui composições físico-químicas e sensoriais semelhantes a alguns vinhos tintos. No dia 31 de outubro, comunidades ribeirinhas realizarão os módulos 3 e 4 da Oficina Artesanal de Açaí Tinto, no Centro Comunitário Lagostão, em Afuá (PA). Realizada pela Embrapa Amapá e pelo empreendimento Flor de Samaúma, os participantes aprenderão técnicas de separação e filtragem, arrolhamento e rotulagem, além de degustarem o fermentado produzido. Também será feita a produção completa da bebida, utilizando o fermentador artesanal, com orientações sobre uso e comercialização do produto.

Os módulos 3 e 4 marcam o fechamento do ciclo de fermentação da bebida de açaí, iniciado nos módulos 1 e 2, realizados nos dias 7 e 8 de outubro. Os dois primeiros módulos combinaram atividades teóricas e práticas sobre processo de fermentação e Boas Práticas de Fabricação (BPF).

Os produtores participantes receberam kits de produção artesanal, contendo os materiais necessários para preparar o açaí tinto na comunidade. A tecnologia desenvolvida pelo fabricante For de Samaúma e aperfeiçoada pela Embrapa, permite transformar o tradicional açaí em uma bebida fermentada segura e de valor agregado, com potencial para geração de renda em áreas ribeirinhas da Amazônia.

Valorização das comunidades

Segundo a pesquisadora da Embrapa e instrutora da oficina, Valeria Saldanha Bezerra, na aula prática, os alunos de várias comunidades ribeirinhas, produtores de frutos do Pará e do Amapá, puderam conhecer a tecnologia nas Boas Práticas de Fabricação, com distribuição de kits para fabricarem o próprio açaí tinto, tanto para consumo quanto para comercialização.

Para o diretor da Flor da Samaúma, João Alberto Capiberibe, que também atuou como facilitador da capacitação, o projeto alia inovação e compromisso socioambiental. “Nosso objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento e permitir que as comunidades se apropriem das tecnologias que ajudam a manter a floresta em pé”, ressaltou o idealizador da bebida “vinho de açaí”.

Esta capacitação e a entrega dos kits fazem parte do projeto desenvolvido pela Embrapa e financiado pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), voltado à implantação de soluções tecnológicas e de qualificação para a sustentabilidade da bioeconomia do açaí de várzea em comunidades ribeirinhas do Bailique (AP) e de Afuá (PA). O projeto tem como objetivo fortalecer a cadeia produtiva do açaí em comunidades ribeirinhas, integrando capacitação, manejo sustentável e inovação tecnológica, com foco no desenvolvimento local e na valorização dos saberes amazônicos.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.