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‘Café de açaí': bebida quente feita com o fruto avança no Brasil e no exterior

Impulsionados pelo desperdício do caroço de açaí, casal de Macapá criou produto inovador e saboroso

‘Café de açaí' do casal Valda e Lázaro Gonçalves

Um casal de Macapá transformou a paixão e tradição da região em um produto inovador: “café de açaí". Uma bebida quente feita com o caroço de açaí seco, torrado e moído. A inovação se expandiu no Brasil e no exterior.

Impulsionados pelo desperdício do caroço de açaí - que corresponde a 80% do fruto - Valda e Lázaro Gonçalves criaram um “café" inovador, transformando o resíduo do fruto em uma bebida funcional. A ideia aproveita os benefícios nutricionais do caroço, que é rico em polifenóis - poderosos antioxidantes que auxiliam no combate à obesidade e diabetes -, além de conter fibras, inulina e ácidos graxos que promovem a saúde intestinal e metabólica.

“Nós somos a primeira empresa do Brasil do mundo a fabricar esse produto que tem ganhado o mundo. Ele é feito 100% do caroço do açaí, que é rico tanina, antioxidante, fibra, vitamina A e 5% de proteína. É um produto super legal porque ele traz benefício para saúde e sustentabilidade”, contou a proprietária do Engenho Café de Açaí, Valda Gonçalves, à Itatiaia.

Café de açaí, bebida quente sem cafeína

É café ou não?

Apesar do nome, o “café de açaí" não contém cafeína, e sua denominação é, na verdade, uma estratégia de marketing. A produtora Valda explica que o nome foi adotado devido ao processo de fabricação, que replica as etapas de torrefação e moagem dos grãos de café convencionais. “Ela é uma bebida feita torrada, moída que nem um café, mas não tem cafeína. Isso foi um marketing que a gente fez e acabou vou pegando muito porque agora todo mundo conhece como café de açaí", explicou Valda.

“Café de açaí"

A ausência de cafeína torna o “café de açaí" uma excelente alternativa para aqueles que buscam uma bebida quente, aromática e com os benefícios do açaí, sem os efeitos estimulantes da cafeína.

Atendendo à demanda do público, o Engenho Café de Açaí expandiu sua linha de produtos, introduzindo um blend especial que combina “os dois mundos”. Essa mistura é composta por 40% de café tradicional e 60% do caroço de açaí, oferecendo uma experiência mais próxima do café convencional, mas com o toque e os benefícios do açaí.

Blend de café e açaí

Para maior conveniência, a empresa disponibiliza seus produtos em pacotes de 250 gramas e, para os amantes de praticidade, também em cápsulas compatíveis com as máquinas Nespresso, tanto o blend quanto a versão pura de açaí.

Cápsulas do “Café do açaí"

Sustentabilidade

O produto começou a ser produzido em 2020, durante a pandemia. No entanto, o casal já estudava desde 2011.

“A gente tinha só uma batedeira. E começamos a estudar sobre desperdício, o que poderíamos fazer com o caroço do açaí. Já tinha vários tipos de fertilizante, carvão, mas nada para consumo humano”, contou Valda à reportagem.

O casal não tem produção própria de açaí. Eles adquirem o produto diretamente da Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas do Bailique e do Beira Amazonas (AMAZONBAI).

O “café de açai” já conquistou o selo de origem do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); selo orgânico Brasil, Estados Unidos (FDA), Vegano (SVB) e selo Latam.

Produção e exportação

Com a expansão do negócio desde 2020, a Engenho Café de Açaí produz 12 toneladas por mês.

A maioria da produção é exportada principalmente para os Estados Unidos, países da Europa, Austrália. No mercado interno, a empresa vende para todos os supermercados do Amapá e região, cafeterias e compradores de São Paulo e também em Goiânia.

Valda contou a Itatiaia que a empresa deve anunciar novos parceiros em breve. “Estava em reunião hoje, apresentando resultado da minha missão no Chile. Fui para o Panamá, também estamos em negociação e na próxima semana vou para o Peru”, afirmou.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde