Às vésperas do início da
A medida, que pode ter um impacto significativo sobre as exportações brasileiras de café, tem gerado movimentos no mercado, com fundos de investimento ampliando suas posições compradas na expectativa de uma alta nos preços.
De acordo com pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços domésticos do café têm espelhado as oscilações das Bolsas de Nova York e Londres. Essa volatilidade, segundo os especialistas, está diretamente ligada à atuação especulativa de fundos em um cenário de valorização das cotações caso a tarifa se concretize. No entanto, os pesquisadores ressaltam que, até o momento, não há indícios claros de que a medida tarifária esteja provocando uma queda exclusiva nos valores internos do café.
Estados Unidos: principal destino e o cenário da concorrência
Os Estados Unidos é o maior consumidor de café e o Brasil representa 33% de todo o café consumido no país norte-americano. No ano passado, a Colômbia respondeu por cerca de 17% das importações norte-americanas, enquanto o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%.
A preocupação do setor brasileiro se intensifica ao observar a situação dos principais concorrentes. No segmento do café arábica, em que o Brasil é líder nas exportações para os EUA, a Colômbia permanece isenta da nova tarifação, o que pode lhe conferir uma vantagem competitiva. Já o café robusta, o Vietnã está negociando a aplicação de uma alíquota reduzida de 20%, significativamente menor que os 46% previstos inicialmente.
Impactos ao Brasil e EUA
Diante da significativa participação do Brasil nas importações de café pelos EUA, o Cepea avalia que a efetivação da tarifa de 50% trará consequências que vão além da simples competitividade do café nacional. A medida tende a impactar diretamente os preços ao consumidor norte-americano e, inclusive, a formulação dos blends tradicionais utilizados nos Estados Unidos, que frequentemente têm os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio.
Para o Brasil, a situação pode exigir uma reorientação estratégica. O país pode ser forçado a redirecionar parte de sua produção para outros mercados consumidores. Isso demandaria agilidade logística e uma nova abordagem comercial para mitigar os prejuízos à vasta e complexa cadeia produtiva nacional.