Às vésperas da
“Hoje parte da produção pecuária nacional já está isenta de desmatamento e atende a requisitos de conformidade legal e social, mas não há um instrumento que dê visibilidade a isso,” explicou Marina Piatto, diretora executiva do Imaflora. “O BoT vem preencher essa lacuna, identificando a carne livre de desmatamento com um selo que permitirá seu rápido reconhecimento pelo mercado”.
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China na liderança da demanda
O novo selo BoT nasce impulsionado, principalmente, pelo interesse do mercado chinês, que em 2025 foi destino de mais de 50% da carne bovina exportada pelo Brasil. Não por acaso, a Tianjin Meat Association, da China, já aderiu ao programa, comprometendo-se a comprar pelo menos 50 mil toneladas de carne com o selo BoT até junho de 2026.
A certificação também funciona como facilitadora para frigoríficos que exportam para blocos exigentes, como a União Europeia (com a Lei Antidesmatamento, que entra em vigor em 2026) e o Reino Unido.
Níveis de garantia
O BoT apresenta quatro níveis de certificação, com exigências progressivas para comprovar o desmatamento zero. Os critérios iniciais exigem a inexistência de desmatamento ilegal, trabalho análogo à escravidão e produção em áreas sob embargo, terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas. Para os níveis mais altos (Ouro e Platinum), a exigência se estende a fornecedores diretos e indiretos e à comprovação de desmatamento legal ou ilegal zero.
O consumidor final poderá identificar a carne certificada por um selo intuitivo aplicado diretamente nos cortes, onde “quanto mais alta a barra verde, mais floresta está sendo monitorada”.
Níveis de certificação:
- BoT Bronze: fornecedores diretos livres de desmatamento ilegal e trabalho escravo.
- BoT Prata: fornecedores diretos livres de desmatamento legal ou ilegal e trabalho escravo.
- BoT Ouro: fornecedores diretos e indiretos livres de desmatamento ilegal e trabalho escravo.
- BoT Platinum: fornecedores diretos e indiretos livres de desmatamento legal ou ilegal e trabalho escravo.
Monitoramento integrado e custo reduzido
O sistema do Imaflora utiliza um monitoramento, relato e verificação (MRV), baseado em protocolos já consolidados e pactuados, como o Boi na Linha (do Ministério Público Federal) e o Protocolo do Cerrado.
Segundo Marina Piatto, a compatibilização com protocolos existentes é “muito positiva, por diminuir o custo da certificação”. Frigoríficos com 95% de conformidade com o Boi na Linha ou o Protocolo do Cerrado são automaticamente elegíveis. A implementação da certificação começará em 2026.
Embora o foco da auditoria seja a cadeia de compra (frigoríficos, varejo e importadores), a certificação confere maior segurança a operações de crédito e títulos no mercado financeiro. “Mostrar de modo transparente e acessível que a carne brasileira é livre de desmatamento será uma vantagem competitiva”, concluiu Piatto.