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As condições climáticas muito favoráveis registradas ao longo de 2025 impulsionaram o desenvolvimento das oliveiras, que estão carregadas e com frutos uniformes. A projeção é que a safra de 2026 supere significativamente a colheita anterior e se aproxime do recorde histórico da Serra da Mantiqueira.
Em 2025, a produção mineira ficou abaixo do esperado, com 60 mil litros de azeite devido a condições climáticas desfavoráveis em 2024. Agora, o cenário é de forte otimismo para reverter o quadro e alcançar um desempenho próximo aos 150 mil litros de azeite extravirgem colhidos em 2024, que marcou o recorde da região, segundo dados da Secretaria da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Seapa-MG).
O coordenador da Câmara Técnica Setorial da Olivicultura e presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira, Moacir Batista Nascimento, reforçou o impacto positivo do ano: “2025 foi um ano excelente. As condições climáticas foram extremamente favoráveis: horas de frio, chuva no momento certo, florada intensa. As plantas estão muito carregadas, e a expectativa é de uma safra muito superior à do ano passado. Ainda não sabemos se vamos bater o recorde de 2024, mas vamos superar 2025 com certeza”.
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Produtores em contagem regressiva
A colheita deve começar na segunda quinzena de janeiro em algumas áreas da Mantiqueira, região que concentra cerca de 65% dos 150 a 200 olivicultores do Sudeste do Brasil. O pico da safra se estende por fevereiro e março, podendo avançar até abril nas altitudes mais elevadas.
“Os produtores já estão se preparando. Logo na virada do ano tudo precisa estar pronto para o início da colheita e para os lagares começarem a receber as azeitonas”, explicou Moacir Nascimento.
Oliveiras em Maria da Fé, no Sul de Minas
Câmara técnica comemora primeiro ano de governança
Em meio à projeção positiva para a safra, o setor celebrou o primeiro aniversário da Câmara Técnica Setorial da Olivicultura, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura (Seapa). A primeira reunião presencial do grupo desde sua criação, em novembro de 2024, ocorreu na última quinta-feira (4) na sede da Epamig, em Belo Horizonte, com produtores, técnicos e representantes governamentais.
A criação da Câmara foi vista como um marco para aproximar o setor do Estado. “A Câmara Técnica foi uma conquista para a olivicultura mineira. Conseguimos sentar junto com os órgãos públicos para discutir os problemas e as soluções para o setor. Foi um ano muito positivo e de consolidação”, avaliou Nascimento.
Sandra Carvalho, diretora de comercialização e mercados da Seapa, destacou a importância da articulação. “O primeiro ano foi de diagnóstico, ouvindo produtores e instituições sobre as demandas da olivicultura. Agora, o desafio é unir esforços para transformar pesquisas e iniciativas em soluções concretas, promovendo articulação entre diferentes instituições e fortalecendo o setor”.
Custo e qualidade elevada do azeite mineiro
Minas Gerais se diferencia por ter uma produção pulverizada em pequenos e médios olivais, localizados em terrenos inclinados de difícil mecanização. Essa característica eleva o custo de produção, fazendo com que o azeite artesanal mineiro chegue ao mercado com preços entre R$ 80 e R$ 120 por garrafa de 250 ml.
No entanto, o valor é justificado pela qualidade, como frisou Moacir Nascimento. “Nosso custo é maior porque quase tudo é manual. Mas o padrão de qualidade é altíssimo. Quem participa de uma degustação [...] percebe isso claramente”.
Apesar de o Brasil consumir cerca de 100 milhões de litros de azeite anualmente e produzir menos de 1% desse volume, o mercado de azeites artesanais mineiros segue em expansão, impulsionado pela qualidade, certificação de origem e pelo turismo gastronômico. A expectativa de uma safra recorde em 2026 promete movimentar toda a cadeia produtiva, gerando mais avanços em legislação e políticas de apoio à atividade.