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Dividir a conta ou pagar o próprio consumo? Saiba o que dizem os especialistas

Estudos mostram como diferentes formas de pagar em grupo influenciam o consumo e as dinâmicas sociais

Nos encontros e celebrações entre amigos ou famílias em bares ou restaurantes, uma situação é comum. Ao final da diversão, o garçom traz a conta e surge a dúvida clássica: “como vamos pagar?”.

A princípio, a decisão entre dividir a conta igualmente, pagar individualmente ou deixar tudo por conta de um só parece trivial. No entanto, a ciência mostra que essa escolha impacta não só o bolso, mas também o comportamento, a percepção de justiça e até a convivência em grupo.

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Uma pesquisa de 2004, chamada ‘A Ineficiência de Dividir a Conta’, explorou essa questão em detalhes. No estudo, grupos de seis pessoas participaram de jantares pagos, com liberdade para escolher o que consumir, mas com três formas distintas de pagamento:

  • Cada pessoa pagava o que consumia;
  • A conta era dividida igualmente;
  • Tudo era oferecido gratuitamente.

Os resultados foram expressivos: quem pagava pelo que consumia gastava, em média, 37 dólares. Já nos grupos que dividiam a conta, a média subia para 50 dólares por pessoa. E, quando a refeição era gratuita, o gasto disparava para 80 dólares por cabeça.

Os pesquisadores concluíram que “quando a pessoa sabe que pagará apenas o próprio consumo, tende a se controlar mais”. Já na divisão igualitária, surge um pensamento estratégico: “se o valor será o mesmo para todos, vale pedir algo mais caro”. Esse raciocínio coletivo eleva o custo total da refeição.

A explicação está na Teoria dos Jogos, ramo da matemática que analisa como as pessoas tomam decisões considerando as ações dos outros. O comportamento durante um jantar revela padrões que também se repetem na política, na economia e no cotidiano.

Portanto, saiba que aquele momento de decidir como dividir a conta é, na verdade, um pequeno experimento social. E caso alguém sugira dividir por igual, talvez valha a pena conferir se não pediu o prato mais caro do cardápio.

Jornalista graduado, com ênfase em multimídia, pelo Centro Universitário Una, de Belo Horizonte. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes, foi repórter da Revista Encontro. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.