A hipergamia é a
A psicóloga clínica Sabina Alcarraz explicou ao site Infobae: “Até na antiguidade isso era mais do que respaldado no âmbito familiar. Essa prática tem a ver com a busca de parceiro em uma situação social, econômica e sociocultural, por assim dizer, de nível superior”. No passado, a escolha de um cônjuge muitas vezes estava ligada à necessidade de garantir segurança material.
Segundo Alcarraz, hoje muitas mulheres são financeiramente independentes. “Atualmente, a mulher é autossustentável na grande maioria dos casos, desfruta de sua profissão e de sua atividade laboral, e se considera capaz de se sustentar economicamente, de seguir em frente sem a necessidade de ter um parceiro mais forte ou mais poderoso do ponto de vista econômico ou financeiro”.
Ainda assim, a hipergamia não desapareceu totalmente. “Sim, é real que continua sendo observado, em pacientes em processo de busca por parceiro, que preferem uma pessoa que tenha um status superior. Muitas vezes não somente pela parte econômica, mas também como um aporte no nível cultural e social, para se vincular a alguém com quem se possa aprender, nutrir-se e se enriquecer”, disse a psicóloga.
A chamada hipergamia moderna, defendida por plataformas e especialistas, sugere que a escolha de parceiro hoje se baseia mais em valores, objetivos e estilo de vida compartilhado do que apenas em ganho econômico. Emma Hathorn, especialista em relacionamentos da Seeking.com, afirmou que “a hipergamia sempre existiu, mas agora se adapta ao contexto social em que nos encontramos”. “Nunca devemos nos desculpar por ter padrões mais altos”, completou.
Pesquisas indicam que fatores econômicos ainda pesam em decisões matrimoniais, mas as dinâmicas mudaram com a digitalização. Em alguns sites de encontros a prática é apresentada como uma escolha pessoal baseada em valores e objetivos de vida comuns.
Sobre os aplicativos de namoro, Alcarraz observa: “Hoje em dia isso acontece por meio desses aplicativos, onde as pessoas se apresentam como se fossem candidatos a um cargo de trabalho”. Para ela, essas plataformas favorecem relações “muito mais efêmeras, mais instantâneas e descartáveis”, o que complica a busca por vínculos duradouros.
A especialista recomenda que quem busca relacionamento defina prioridades: “Saber qual é o objetivo daquela relação, o motivo que os move na hora de buscar uma pessoa, de conectar com alguém, quais são os ‘requisitos’ que priorizam e começar a conhecê-la”. E conclui: “Quando tenho um autoconhecimento, um autodescobrimento, um amor-próprio reforçado e fortalecido, a partir daí posso me colocar em um lugar muito mais empoderado para depois me relacionar com uma eventual futura parceira de forma saudável”.