A companhia afirma que conseguiu cultivar células germinativas de pombos, que são precursoras de óvulos e espermatozoides. O feito aproxima o retorno do dodô, com previsão de reintrodução em cinco a sete anos.
O processo é complexo e envolve a técnica CRISPR de edição genética. Galinhas modificadas servirão como ‘substitutas’ para o desenvolvimento dos embriões. As células vêm da pomba-de-nicobar, parente mais próximo do dodô. Em seguida, o DNA será editado para recuperar características físicas da ave.
Segundo o diretor-executivo da Colossal, Ben Lamm, o objetivo não é recriar apenas um exemplar, mas “milhares de dodôs com suficiente diversidade genética para que possam prosperar na natureza”. A empresa já busca locais seguros em Maurício para abrigar as aves, longe das ameaças que causaram sua extinção original, como a caça e espécies invasoras.
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para riscos. A cientista Beth Shapiro, ouvida pelo portal La Voz, afirma que o processo será lento e lembra que ainda não se conhecem todos os impactos da reintrodução. Já Leonardo Campagna, do Cornell Lab, destacou que "é difícil saber o que se necessita para criar um dodô geneticamente, desde sua arquitetura genômica até a interação de seus genes com o entorno”.
Outros pesquisadores são ainda mais críticos. O biólogo Rich Grenyer, da Universidade de Oxford, classificou a ‘desextinção’ como “uma brincadeira perigosa” que pode tirar o foco da preservação de habitats naturais.
O projeto tem forte apoio financeiro: uma rodada de negócios recente levantou 120 milhões de dólares, elevando o valor da Colossal a mais de 10 bilhões. Entre os investidores estão celebridades como Tom Brady, Paris Hilton, Tiger Woods e o cineasta Peter Jackson.
Diante das críticas, Ben Lamm defende a iniciativa como “uma façanha monumental de engenharia genômica”, comparável à clonagem da ovelha Dolly. Para ele, pouco importa a discussão sobre se os animais serão ou não dodôs ‘autênticos’.