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Mulheres no agro liderando transformações

Como produtoras, gestoras e pesquisadoras mudam o futuro do campo

Mulheres no agro liderando transformações

A presença de mulheres no agronegócio brasileiro tem se tornado amplamente reconhecida pelos avanços sociais e ambientais registrados nessa década. Embora durante muito tempo o campo fosse visto como território predominantemente masculino, desde a virada dos anos 2020, líderes femininas têm ampliado sua atuação não apenas nas propriedades rurais, mas também em associações, cooperativas e cargos de gestão estratégica. Essa ascensão, por sua vez, imprime um novo ritmo ao agro, tornando-o mais sustentável, inclusivo e aberto à inovação.

Mulheres no agro liderando transformações

Liderança feminina e inovação no campo

Nos últimos anos, produtoras como Thereza Vendramini, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, têm defendido a importância da diversificação e da eficiência produtiva a partir de modelos mais colaborativos. Segundo ela, é fundamental investir em educação continuada para mulheres do agro, seja por meio de cursos de gestão ou da participação em congressos técnicos. Não por acaso, há um crescimento significativo de startups do setor rural comandadas por mulheres, como a Selo Verde, de Fernanda Dalla Vecchia, que está revolucionando a rastreabilidade de alimentos com tecnologia blockchain.

Além disso, nomes como Alessandra Bergamin, gerente agrícola da SLC Agrícola, são citados em diversas publicações por sua capacidade de aliar inovação, qualidade e cuidado ambiental. Em entrevista à Revista Globo Rural em junho de 2025, Alessandra destacou que “o futuro do agro depende da integração entre novas tecnologias e práticas regenerativas, e as mulheres participaram desse movimento de modo determinante”.

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O papel da educação e da pesquisa

Outra contribuição essencial é o protagonismo de pesquisadoras em áreas como biotecnologia e segurança alimentar. A engenheira agrônoma Claudia Toledo, pesquisadora na Embrapa, trabalha em projetos que já aumentaram a produtividade de pequenas propriedades sem comprometer métodos agroecológicos. Ao mesmo tempo, ela defende que mais escolas técnicas rurais abram portas para jovens mulheres interessadas em pesquisar temas como agricultura regenerativa ou gestão de resíduos.

Para quem deseja entender melhor o universo feminino no agro, recomenda-se a leitura de “Elas Chegam com a Chuva: Mulheres, Campo e Ruralidades”, de Flávia Braga, lançado este ano, que reúne histórias e dados inéditos sobre a inserção de mulheres em espaços de decisão rural.

Cooperativismo, impacto social e sustentabilidade

Outro fator decisivo para a transformação do agro é o fortalecimento do cooperativismo, uma prática que encontra em gestoras como Vivian Ortega, presidente da Coopa-DF, suas maiores entusiastas. Segundo Vivian, promover a liderança de mulheres em cooperativas é imprescindível para garantir transparência de processos, desenvolvimento comunitário e acesso a linhas de crédito antes pouco acessíveis ao público feminino. Aliás, Vivian coordena iniciativas de inclusão digital para mulheres do campo em Goiás e no Tocantins, ampliando o alcance de estratégias de venda e negociação pela internet.

Curiosamente, dados da Associação Brasileira do Agronegócio mostram que, em 2025, mulheres estão mais presentes do que nunca em conselhos administrativos agrícolas e chegam a coordenar projetos que unem produção orgânica, preservação de sementes crioulas e comercialização para grandes redes varejistas.

Livros, inspiração e legado

A ascensão feminina no agro brasileiro inspira jovens de todo o país. Para aprofundar o tema, além da obra já recomendada, vale consultar “Mulheres do Agro: O poder feminino transformando o campo”, de Andrea Cordeiro, e “Mulheres do Café: Histórias de Empreendedorismo”, de Kelly Stein. Por meio desses relatos, é possível visualizar não só a resiliência individual, mas também a força coletiva de quem se une para transformar o campo em um espaço cada vez mais plural e inovador.

A trajetória das mulheres no agro mostra, acima de tudo, que as transformações verdadeiras acontecem quando diversidade, inclusão e propósito se alinham. Liderar inovações, compartilhar saberes e garantir sustentabilidade é o que conecta essas mulheres a um futuro promissor no centro do agronegócio brasileiro.

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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Editor do Jornal Lagoa News. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia.