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Drauzio Varella explica: por que casos de câncer em jovens estão em crescimento?

Diagnóstico de câncer em pessoas com menos de 50 anos aumentou 79% nos últimos anos

Drauzio esteve, nessa quarta-feira (22), em Belo Horizonte, onde apresentou uma palestra no 20° Encontro de Cooperados da Unimed-BH

Em uma tendência mundial, novos casos de câncer de início precoce, definidos como casos de câncer diagnosticados em pessoas com menos de 50 anos, cresceram globalmente em 79%, de acordo com estudo da Sociedade Americana do Câncer. Em entrevista à Itatiaia, o médico, oncologista, comunicador e escritor Drauzio Varella explicou que o aumento do câncer em jovens pode estar relacionado ao estilo de vida moderno.

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Drauzio esteve, nessa quarta-feira (22), em Belo Horizonte, onde apresentou uma palestra no 20° Encontro de Cooperados da Unimed-BH. No evento, o médico falou sobre os impactos da qualidade de vida na longevidade.

“Eu sempre quis ser médico, desde criança. Nunca pensei de forma diferente. Fui médico, e sou médico até hoje, e nunca me arrependi, e acho que a medicina trouxe muita coisa boa para minha vida. Mas tem um detalhe: se eu tivesse continuado a fumar e não tivesse começado a fazer exercício, eu não estaria aqui falando com vocês”, disse.

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À reportagem da Itatiaia, Drauzio explicou o que pode estar ligado ao crescimento do câncer de início precoce. De acordo com o médico, a sociedade está mudando para pior quando se trata de estilo de vida, o que pode ajudar a entender esse fenômeno. No entanto, ele também ressaltou que o câncer é uma doença multifatorial, ou seja, são vários fatores que acabam levando a alteração maligna das células.

“A gente não sabe exatamente o que é, mas se a gente pegar e comparar, por exemplo, a dieta de hoje com a dieta de 20, 30 anos atrás, as diferenças são muito grandes. (...) As pessoas almoçavam e jantavam em casa e comiam muito pouco doce. Tinha doce era uma sobremesa, não era uma coisa de você ficar comendo alimentos industrializados o tempo inteiro como é agora”, afirmou Drauzio.

Ele detalhou, ainda, que o consumo de ultraprocessados, cada vez mais presente nas dietas modernas, também está ligado ao fenômeno. Ele reforçou que os ultraprocessados fazem parte de 60% das calorias em dietas nos EUA. “Esses ultraprocessados, hoje, a gente sabe que eles fazem mal para saúde, e a dieta contém cada vez mais esse tipo de alimento no mundo moderno.”

Ainda conforme o médico, a obesidade e o sedentarismo são fatores de risco para vários tipos de câncer. De acordo com dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas 2024), da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF), um a cada três brasileiros, cerca de 31%, vive com obesidade.

Além disso, a pesquisa também indicou que cerca de metade da população adulta, entre 40% e 50%, não pratica atividade física na frequência e intensidade recomendadas. “Quando você analisa esses dados todos, você percebe que a sociedade, nesse sentido, está mudando para pior, para a convivência com fatores de risco cada vez mais elevados”, disse Drauzio à Itatiaia.

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas