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‘Check-up não é realizar o maior número de exames possível’, diz médica; veja recomendações

Realizar testes em alto volume e sem orientação médica individualizada é prática equivocada, segundo o especialista

Confira informações importantes sobre o check-up

A realização de exames de rotina é importante para rastreamento, prevenção e diagnóstico precoce de diversas doenças. O check-up periódico possibilita avaliar a saúde, detectar condições assintomáticas e avaliar fatores de risco, que podem contribuir para o desenvolvimento de enfermidades.

No entanto, o check-up não deve ser confundido com fazer o maior número possível de exames, indiscriminadamente e sem orientação médica. Existem, sim, alguns testes mais recomendados, mas é importante considerar as especificidades de cada indivíduo.

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Quais os exames mais recomendados?

“É muito importante todos entenderem que fazer exames de check-up, passar por avaliação médica, vai muito além de fazer exames laboratoriais. O exame de rotina perpassa avaliação clínica, por uma boa anamnese, um bom exame físico. Assim, o profissional consegue direcionar e identificar quais são os exames ideais para cada pessoa, qual a investigação necessária para cada um”, explica a Neoma Mendes, médica de família e comunidade e professora da graduação de Medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh).

Seguindo essa recomendação, a médica aponta os exames mais comuns de serem solicitados em um check-up. São eles:

  • Hemogramas;
  • Dosagens dos níveis de colesterol e glicemia;
  • Dosagem dos hormônios da tireoide;
  • Exames de avaliação do fígado;
  • Sorologias de investigação de ISTs, como sífilis, anticorpos anti-HIV, hepatite B e C.

Qual a periodicidade dos exames de rotina?

Sobre a periodicidade dos exames, a especialista reforça a avaliação individualizada. “Sobre a periodicidade dos exames, como já foi dito, é muito importante que a gente avalie cada pessoa. Cada faixa etária requer exames específicos. É importante ter um médico de referência que te oriente e identifique essa periodicidade”, aponta Neoma.

“De modo geral, a partir dos 35, 40 anos, é necessário, sim, o início de alguns rastreamentos. Pessoas assintomáticas, que não apresentam nenhum sinal de doença clínica, devem fazer exames de rastreio a partir dessa idade e que exames sejam realizados anualmente”, orienta a médica.

Alterações no aparelho reprodutivo

As investigações voltadas para o aparelho reprodutivo não são solicitações comuns durante o check-up. Para identificar alterações no aparelho reprodutivo, são realizados exames específicos, de acordo com a análise de cada paciente.

No entanto, existem algumas diretrizes gerais. São elas:

  • Para mulheres entre 25 e 64 anos: realização de exame citopatológico e papanicolau. Além disso, orienta-se a realização da mamografia a partir dos 50 anos;
  • Para homens: aqueles com histórico familiar ou fatores de risco para o câncer de próstata devem realizar investigação a partir dos 40 anos.

Dosagem de hormônios

Durante os exames de rotina, é comum serem solicitados teste que avaliam a função tireoidiana. “Costumam ser solicitados exames dos hormônios que avaliam a nossa tireoide. É comum que eles apresentem alterações. Geralmente, essas mudanças são assintomáticas, fáceis de serem tratadas e trazem benefícios para o paciente”, explica a médica de família.

  • Testes de outros hormônios são solicitados conforme necessidade e individualidade de cada paciente.

Importante olhar individual

A especialista reforça que devemos desmistificar a crença de que o check-up é uma prática de realizar o maior número de exames possível indiscriminadamente. “É preciso especificar e individualizar cada tratamento. Isso é trabalhar com medicina baseada em evidências. Solicitar um monte de exames sem necessidade gera informações desnecessárias”.

O excesso de investigação pode ainda gerar maior preocupação, dúvidas e até intervenções desnecessárias. “Procure seu médico, se informe, verifique quais são os exames importantes para você, para sua faixa etária. Se você é homem ou mulher, tem diferença. Se você apresenta doenças crônicas, comorbidades, têm diferença também”, finaliza a médica.


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Pablo Paixão é estudante de jornalismo na UFMG e estagiário de jornalismo da Itatiaia