Um menino de 6 anos,
À Itatiaia, a médica pneumologista da Saúde no Lar, Michele Andreata, explicou que o medicamento pode ser aplicado de duas formas diferentes com indicações específicas. “A adrenalina pode ser administrada em anafilaxia, parada cardiorrespiratória, edema de vias aéreas superiores e broncoespasmo grave em alguns contextos. Apesar disso, não é um medicamento de uso rotineiro fora das emergências e exige indicação precisa”, disse.
Enquanto a adrenalina injetável é recomendada em situações de emergência que oferecem risco imediato à vida, a adrenalina por inalação é indicada em situações em que o principal problema é o edema das vias aéreas superiores, como ocorre na laringite, especialmente em crianças, ou em casos de estridor importante.
De acordo com a pneumologista, a principal diferença entre as duas formas de aplicação está no alcance e na velocidade da ação. “A adrenalina injetável age de maneira sistêmica e muito rápida, sendo essencial para reverter quadros graves em que o corpo inteiro está comprometido, como a anafilaxia. Já a adrenalina inalada atua principalmente no local de obstrução - das vias aéreas superiores - reduzindo o edema que dificulta a passagem do ar”, explicou.
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Adrenalina injetada ou inalada: entenda os efeitos
Além de situações respiratórias, a adrenalina injetável também faz parte dos protocolos de atendimento em parada cardiorrespiratória. O tratamento é recomendado em situações como a anafilaxia. Em casos como esse, o paciente pode evoluir rapidamente com fechamento das vias aéreas, queda acentuada da pressão arterial e dificuldade respiratória grave.
“A administração intramuscular é a via preferencial porque garante efeito rápido e sistêmico, revertendo o edema das vias aéreas, melhorando a perfusão e estabilizando o quadro clínico”, explicou Michele Andreata.
Já a adrenalina por inalação tem como objetivo reduzir o inchaço na região da laringe e facilitar a passagem do ar. “É um recurso utilizado em prontos-atendimentos, com monitorização contínua, pois parte do medicamento também pode ser absorvida pelo organismo e gerar efeitos sistêmicos”, ressaltou.
A médica explicou que em casos graves, quando há risco iminente de vida, o objetivo é salvar a vida do paciente. Com isso, não existe contraindicação absoluta. “Em quadros leves ou moderados, a adrenalina deve ser evitada justamente pelos riscos cardiovasculares, e só deve ser prescrita por profissionais habilitados”, reforçou.
Relembre o caso
O menino Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, na madrugada do dia 23 de novembro após receber na veia uma dose de adrenalina. Ele deu entrada uma unidade hospitalar de Manaus, capital do Amazonas.
De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, documentos disponibilizados pelo hospital e depoimentos já colhidos indicam erro médico. A polícia pediu a prisão da médica Juliana Brasil Santos, de 33 anos, o que foi negado pela Justiça.
O escritório Vila & Braga Advogados, que defende a médica, disse que não se manifestará no momento, mas ainda esta semana os advogados Alessandra Vila e Felipe Braga se colocarão à disposição para detalhar os esclarecimentos referentes ao caso e discutir os aspectos da defesa de Juliana Brasil.
A criança deu entrada no Hospital Santa Júlia com quadro de tosse seca e suspeita de laringite. Segundo relato da técnica de enfermagem Raíza Bentes, em entrevista dada após prestar depoimento, a médica que atendeu Benício prescreveu, entre outros procedimentos, três doses de adrenalina de 3 ml cada que deveriam ser aplicadas em intervalos de 20 minutos na forma endovenosa, ou seja, na corrente sanguínea.
A técnica diz ter estranhado a forma de aplicação, normalmente feita por via respiratória, através de inalação, mas seguiu a prescrição por escrito da médica.
Depois da primeira dose, o menino começou a passar mal, apresentando palidez e dificuldade para respirar. Raíza diz que informou a médica e ela disse ter informado à mãe da criança que seria feita inalação. O menino teve seis paradas cardíacas e acabou morrendo.