Bebida alcoólica moderada faz bem à saúde? Psiquiatra fala sobre comportamento

Durante programa da Itatiaia, Guilherme Loss defendeu que o consumo equilibrado de álcool estimula a dopamina, favorece o relaxamento e fortalece os vínculos afetivos

Psiquiatra Guilherme Loss, comentou redução no número de consumidores de bebida alcoólica

Durante sua participação no programa Chamada Geral, da Itatiaia, nesta quarta-feira (12), o psiquiatra Guilherme Loss comentou sobre a redução no número de consumidores de bebida alcoólica em 2025. Para ele, a princípio, o número parece positivo, mas o fenômeno pode estar relacionado à substituição dos encontros presenciais por interações virtuais e afirmou que beber moderadamente e em grupo faz bem à saúde mental.

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Em 2025, 64% dos brasileiros afirmaram não consumir álcool, um aumento em relação a 2023, quando 55% se declararam abstêmios, conforme pesquisa do Ipsos-Ipec para o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa)

Segundo o psiquiatra, a convivência em grupo é fundamental para o equilíbrio emocional e o fortalecimento de vínculos afetivos. Ele comparou o comportamento humano ao de animais que vivem em grupo, destacando que a interação social estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar.

“Quando estamos com amigos, a convivência estimula a dopamina, que é o neurotransmissor da motivação e da conexão. É isso que fortalece a empatia, o afeto e a sensação de pertencimento”, explicou.

Loss destacou que, sem o convívio presencial, o cérebro tende a ficar “acelerado demais”, o que reduz a capacidade de empatia, paciência e afetividade.

O especialista alertou ainda para uma nova forma de dependência que surge em substituição ao álcool: a busca constante por estímulos rápidos, como o uso excessivo do celular, das redes sociais e do consumo imediato.

“A sociedade busca por pulsos de dopamina. Você compra, sente prazer por um instante, e logo quer outro estímulo. É uma troca perigosa. As pessoas precisam voltar a se encontrar, conviver em grupo, porque é isso que preserva o afeto e a saúde mental.”

Ao ser questionado pelo apresentador Júnior Moreira se um encontro entre amigos “regado a água com gás e limão” poderia gerar o mesmo efeito que uma confraternização com bebida alcoólica, o psiquiatra respondeu com bom humor que pode ter o mesmo efeito, mas o grande sucesso do álcool é aumentar o relaxamento.

“Por isso a gente fica ‘alegrinho’, ri mais, fala mais bobagem e guarda uma memória mais divertida e prazerosa. A bebida baixa a ansiedade, relaxa e faz a pessoa desfrutar mais”, declarou

Segundo Loss, o importante é o equilíbrio. Ele explicou que, em comparação, uma bebida não alcoólica gera cerca de 75% a 80% da liberação de dopamina observada no consumo moderado de álcool, defendendo o papel social e emocional das bebidas nas interações humanas.

“O álcool, quando usado de forma responsável e em grupo, tem esse componente biológico de favorecer o prazer e a conexão. O problema está no excesso e no isolamento”, concluiu o psiquiatra.

O programa Chamada Geral, que vai ao ar às 14h na Rádio Itatiaia e é transmitido ao vivo no youtube, conta com a participação de especialistas nas áreas de comportamento, saúde, educação, economia e política para esclarecer o que está acontecendo em Belo Horizonte, Minas, no Brasil e no mundo.

Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.

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