A Organização Pan-Americana da Saúde, braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), fez um alerta na última semana para o alto risco de contaminação por febre oropouche em países da América.
De acordo com o diretor da Sociedade Mineira de Imunização e epidemiologista do laboratório Hermes Pardini, José Geraldo Ribeiro, este alerta não é motivo para pânico entre a população, mas preocupa.
Segundo ele, ainda é cedo para afirmar o motivo real para o aumento expressivo de casos. Já que os testes que confirmam a doença avançaram muito no último ano. O cenário da doença preocupa com a confirmação de duas mortes pela doença no Brasil, principalmente a de um feto que estava na barriga da mãe.
Em Minas Gerais, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, são 147 casos de febre oropouche confirmados em análises feitas pela Fundação Ezequiel Dias, a FUNED. Destes, 96 casos ocorreram em Joanésia, na região do Vale do Aço. “A febre oropouche era considerada uma doença com potencial epidêmico, mas benigna. E esse ano nós tivemos duas mortes de pacientes, além desta morte do feto, que mostrou a capacidade do vírus, uma vez infectando a gestante, infectar também o feto e causar abortamento. Estão sendo estudadas também malformações fetais. Então isso aumenta a preocupação e nos preocupamos mais com essa doença”, explica o médico.
O especialista afirma que a capacidade do diagnóstico da doença melhorou esse ano, o Ministério da Saúde distribuiu os testes para os laboratórios regionais e o diagnóstico evoluiu. O que preocupa é se o número de casos realmente aumentou ou se os testes estão constatando uma situação que já existia, por isso, o aumento da doença deve ser motivo de atenção da vigilância epidemiológica.
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Transmissão
O transmissor da febre oropouche é o mosquito pólvora, conhecido em alguns locais como borrachudo, ele tem o comportamento diferente do aedes aegypti, que é o mosquito da dengue. “O aedes aegypti, tradicionalmente, nos pica dentro de casa, se reproduz dentro da nossa casa. Já esse mosquito, ele pica mais no exterior. Claro que, se ele reproduzir próximo à casa, ele pode adentrar. Então, ele pica muito ao entardecer. Então, se eu tenho uma gestante num local onde está havendo transmissão, ela deve evitar esses horários, amanhecer e entardecer, e de ir ao exterior. Se precisar ir usar roupas de manga comprida, calça comprida, em áreas externas usar repelentes próprios para a gestante. Claro que o cuidado com o quintal da casa, com a própria casa, alguns locais sugerem telas, é importante, mas a maioria das picadas desse mosquito é nesses horários fora do domicílio”, detalha o epidemiologista.
O alerta vale para toda a população, mas as pessoas que frequentam áreas rurais ou de periferia, devem redobrar a atenção. “Nas periferias da cidade, que é aquela transição da cidade para o campo, que nós temos em muitos bairros aqui em Belo Horizonte, o mosquito é mais comum. Agora, por exemplo, em Santa Catarina, foi detectada uma presença maior dele em cidades mesmo, em zona urbana. Então, talvez não seja o vírus que tenha se expandido. A OPAS atribui isso ao aquecimento global, a desmatamento, a outros fatores, que é difícil a gente comprovar, mas são bastante razoáveis pela biologia do mosquito”, detalha José Geraldo Ribeiro, diretor da Sociedade Mineira de Imunização e epidemiologista do laboratório Hermes Pardini.