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O que é linfoma? Entenda os tipos da doença que acomete Isabel Veloso e o campeão olímpico Pampa

Câncer raro no sistema linfático é divido em duas classifações: linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin

Câncer afeta o sistema linfático, responsável pela defesa do organismo

O linfoma é um tipo de câncer raro que afeta o sistema linfático, responsável pela defesa do organismo. Divida em duas classificações, a doença pode ser chamada de Linfoma de Hodgkin e Linfoma não-Hodgkin.

A influenciadora Isabel Veloso, com câncer terminal, tem Linfoma de Hodgkin. Ela foi diagnosticada há dois anos mas os tratamentos não evoluíram, por isso está sob cuidados paliativos. Entubado, o campeão olímpico de vôlei, Pampa, tem a mesma doença de Isabel e está sofrendo complicações da quimioterapia.

A Itatiaia entrevistou dois especialistas para entender as diferenças de cada tipo de linfoma.

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O que é linfoma?

O linfoma é um tipo de câncer que se origina de uma das células que encontramos no sangue. Essa célula se chama linfócito, um dos tipo de glóbulos brancos que nos protege.

‘Os linfócitos normalmente funcionam como soldados que nos protegem contra invasores como vírus e bactérias, produzindo as nossas armas – os anticorpos – ou atacando ou auxiliando no ataque aos invasores’, explica o médico hematologista da Oncoclínicas, Robert Eduardo Emídio.

As células que nos protegem circulam no sangue, mas a maioria fica ‘armazenada’ nos linfonodos, conhecidos popularmente como 'ínguas’. Quando o corpo tem alguma ameaça, a íngua daquela região é ativada, começando a produzir os anticorpos e incha. Quando a batalha é vencida, ela regride, o que pode demorar algum tempo, já que é um processo normal, que ocorre no organismo.

‘Quando há o linfoma, os linfócitos começam a se multiplicar desordenadamente, sem um estímulo normal, como uma infecção ou cirurgia. Esse linfonodo irá aumentar de tamanho por uma doença neoplásica (um câncer) e não como uma resposta fisiológica’, afirma o hematologista.

Qual região do corpo atinge?

Segundo o especialista da Oncoclínicas, a maior parte dos linfomas ocorre nos linfonodos, mas eles podem aparecer em outros órgãos, como pulmões, cérebro, baço, intestinos.

Para professora e médica oncologista da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Mariana Cunha, a doença depende mais da localização onde as células sofreram mutação do que propriamente pelo nome.

‘Um exemplo: é comum que os linfonodos adoecidos pelo câncer de um linfoma da região do pescoço se apresentem nos pacientes com alterações de nódulos, tumorações de gânglios visíveis na região do pescoço, muitas vezes indolores, mas indicando crescimento na região’, explica Mariana.

Sintomas

‘De maneira geral tem alguns sintomas que a gente chama de Red Flags, ou de bandeira vermelha, que devem preocupar e fazer com que a pessoa procure atendimento mais rápido, como; tumorações no pescoço, axilas, virilha, perda de peso significativa, coceira e sudorese excessiva’, ressalta a Oncologista Mariana.

Além disso, o especialista da Oncoclínicas afirma que os pacientes podem apresentar febre. Robert também destaca o aumento dos linfonodos do corpo, que tendem a ser endurecidos e não dolorosos.

Tipos de linfoma

‘Existem vários tipos de linfomas e a cada atualização das doenças são descritos novos tipos. A classificação mais antiga divide em linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin. Esta classificação é muito mais morfológica, a célula do linfoma é vista ao microscópico e tem um formato característico de linfoma de Hodgkin’, explica o médico da Oncoclínicas.

Segundo o hematologista, a doença de Hodgkin ainda é subdivida em clássicos e não-clássico.

Qual a diferença entre um linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin?

São tipos de doenças diferentes com tratamentos diferentes. Essa classificação é antiga, mas ainda muito difundida e utilizada.

O Linfoma de Hodgkin, é mais raro e tem um formato característico que é visível por microscópio. O formato é caracterizado pela presença de células identificadas como Reed-Sternberg. São células gigantes, com dois ou mais núcleos e uma aparência de ‘olhos de coruja’.

Mais comuns, os linfomas não-Hodgkin são todos os outros que não apresentam esta célula. Normalmente classificamos esses linfomas de acordo com a célula de origem, mais comuns no linfócito B e também no linfócito T e NK. Eles crescem rapidamente e não causam dor, na maioria dos casos.

Tem diferença entre linfoma e câncer?

O linfoma é um tipo de câncer de células sanguíneas. Habitualmente chamamos de câncer uma multiplicação desordenada de células doentes.

Qual diferença do linfoma e leucemia?

Enquanto as células do linfoma tendem a formar aglomerados as da leucemia estão dispersas no sangue, circulando livremente pelo organismo. Algumas doenças têm células equivalentes e são tratadas da mesma forma, apesar da apresentação diferenciada (como linfoma ou como leucemia).

Entretanto, existem leucemias cuja célula doente não são linfócitos, que podem ser neutrófilos, eosinófilos, plasmócitos, entre outros.

O linfoma é comum ou é considerado raro?

O hematologista Robert Eduardo Emídio afirma que o linfoma é uma doença rara. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) o número estimado de casos novos de linfoma não Hodgkin para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 12.040 casos, o que corresponde a um risco estimado de 5,57 por 100 mil habitantes, sendo 6.420 casos em homens e 5.620 casos em mulheres.

Já para os linfomas de Hodgkin, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, a previsão é de 3.080 casos novos, o que corresponde a um risco estimado de 1,41 por 100 mil habitantes, sendo 1.500 casos em homens e 1.580 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 1,40 caso novo a cada 100 mil homens e 1,41 a cada 100 mil mulheres.

Qual o tratamento pra o linfoma?

O tratamento do linfoma depende de sua correta classificação e pode ter várias abordagens. Como quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e até mesmo ser necessário apenas uso de antibióticos, ou mesmo procedimentos mais complexos, como transplante de medula óssea (autólogo ou alogênico), tratamento com carT cels.

‘Alguns tipos podem nem ser necessário tratar em um primeiro momento, sendo aconselhável observar a doença de forma vigilante a fim de identificar sinais do melhor momento do tratamento. O mais importante é não ter dúvidas do diagnóstico e seu estadiamento’ ressalta o especialista.

O exame de imuno-histoquímica é um grande aliado para conhecer o nome e o sobrenome do linfoma.

‘Muitas vezes a mesma doença em pacientes diferentes pode sim ter um tratamento ou uma estratégia de abordagem diferente, dependendo da idade, doenças prévias ou comorbidades de cada paciente’, conclui.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde