O país vive neste ano uma epidemia de dengue. Os números de casos registrados nos primeiros meses de 2024 já superam os dados de todo o ano passado. Um alerta importante para quem contraiu a doença é o monitoramento rigoroso do número de plaquetas no sangue. De acordo com o médico Carlos Starling, vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, a dengue é uma doença sistêmica e, como tal, o vírus atinge as células que produzem as plaquetas e a ação direta do vírus sobre as plaquetas faz com que elas caem.
Além disso, os anticorpos produzidos contra o vírus também comprometem as plaquetas. Esses dois mecanismos fazem com que a tendência é que haja uma queda da concentração de plaquetas na corrente sanguínea.
O médico explica que, geralmente temos de 130 a 500 mil plaquetas por milímetro cúbico de sangue, nível que considerado normal. ‘A queda do número de plaquetas abaixo de 100 mil merece atenção. Nos casos de dengue, quando há uma queda drástica de plaquetas, por exemplo, de 130 mil para 40 mil, em 24 ou 48 horas, isso significa um sinal que merece atenção, não necessariamente transfusão. É raro ter indicação de transfusão de sangue, no caso de dengue. Isso é uma situação que pode acontecer com plaquetas abaixo de 20 mil e o paciente apresentar sinais de sangramento. Então, isso já é um indicativo de internação e acompanhamento de perto desses pacientes’, detalha.
Com o nível baixo de plaquetas os sangramentos podem aparecer. Podem começar os sangramentos nas gengivas, sangramento pelo nariz e até aumento do fluxo menstrual. Os sangramentos mais intensos acontecem com níveis muito baixos de plaquetas. ‘Abaixo de 20 mil plaquetas por milímetro cúbico de sangue, que geralmente estão associadas aos sangramentos mais importantes naquelas pessoas, principalmente que têm tendência ao sangramento, ou que têm doenças subjacentes, que propiciam esses quadros clínicos’, alerta.
Segundo o infectologista, no caso da dengue, as plaquetas devem começar a subir normalmente depois do sétimo dia, sem necessidade de nenhum tratamento. Importante destacar que, não tem nenhum tratamento, no caso de dengue, que seja efetivo para subir plaquetas. Em outras doenças, tem reposição de vitamina, por exemplo, B12 em determinadas patologias, mas no caso da dengue, não. O aumento é natural a partir do momento que passa a fase aguda da doença. ‘Ao iniciar o período de recuperação, essas plaquetas aumentam espontaneamente. É importante salientar, que não existem tratamentos para aumentar plaquetas, por exemplo, alimentos específicos, ou chás, ou qualquer outra coisa que faça essas plaquetas aumentarem. Existe muita fantasia circulando principalmente em redes sociais em relação a produtos que fazem aumentar a plaqueta”='.
Carlos Starling ainda alerta que, queda abrupta de plaquetas no intervalo curto de tempo e associada a sangramentos, pode levar a quadros graves de hemorragia, choque e, eventualmente à morte. As pessoas devem ficar atentas aos sinais de alerta: dor abdominal intensa, vômitos que não passam, sangramentos, aumento da incidência de hematomas, sangramento nasal, gengival, perda de consciência ou alteração do estado de consciência, são sinais de alerta para a dengue. Nestes casos, procurar a assistência médica o mais rápido possível, uma vez que sangramentos intensos podem levar à morte.