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‘Vaidade derrotou a toga’, diz ex-ministro do STF sobre aposentadoria de Barroso

Ex-ministro Marco Aurélio Mello afirmou que aposentadoria de Barroso foi vitória ‘da autoestima e da vaidade’ e derrota para o tribunal

Ex-ministro Marco Aurélio Mello lamentou decisão de Barroso de deixar antecipadamente o STF

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello classificou como precipitada a aposentadoria de Luís Roberto Barroso da corte. Mello falou à Itatiaia nesta quinta-feira (16) antes de palestrar no evento Imersão Industrial, organizado pela Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg) na capital mineira.

Ao comentar a aposentadoria precoce no STF, o ex-ministro relembrou que só deixou o cargo quando completou a idade máxima de 75 anos e citou vaidade e autoestima como fatores preponderantes para a decisão de Barroso.

Apesar da crítica, o ex-ministro elogiou Barroso e relembrou que trabalhou a favor de sua indicação em 2013, pela então presidente Dilma Rousseff (PT).

‘Perdeu a instituição’

“Eu sou insuspeito para falar, porque na época da presidente Dilma, eu disse a dois interlocutores lá em casa separadamente que se a caneta fosse minha, ele já estaria no Supremo. E ambos perguntaram: “Posso levar, a presidente Dilma, pode levar, mas foi uma saída prematura”. E eu diria que a autoestima e a vaidade derrotaram a toga de juiz, a capa de juiz. Perdeu a instituição”, afirmou.

Barroso anunciou a aposentadoria no plenário do STF em 9 de outubro e deixa oficialmente a corte neste sábado (18). Se completasse o mandato até completar 75 anos, o magistrado permaneceria na corte até 2033.

A vaga deixada por Barroso será preenchida por um nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os nomes cotados para o cargo são o do senador mineiro Rodrigo Pacheco, do PSD, e o do advogado geral da União, Jorge Messias. À Itatiaia, Marco Aurélio Mello também falou sobre os postulantes.

‘Cadeiras mais importantes do país’

“São as 11 cadeiras mais importantes do país. O Supremo julga ato do Congresso, Supremo julga ato do executivo e deve fazê-lo apegado à ordem jurídica ao arcabouço normativo. Que o presidente seja feliz, os dois nomes são dois grandes nomes, o ex-presidente do Senado e o Pacheco e também o Messias, advogado geral da União”, declarou.

Indicado por Fernando Collor de Mello em 1990, Marco Aurélio ocupou o cargo de ministro do STF até 2021. Com mais de 31 anos de atuação, ele é um dos três magistrados com mais tempo de mandato na história da Suprema Corte do Brasil.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.