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Secretaria de Zema diz que ainda não autorizou linha singela no metrô de BH

Linha com trilho único foi tema de reunião na Cidade Administrativa nesta segunda-feira; Seinfra diz que ainda aguarda estudos técnicos

Seinfra diz que ainda não autorizou linha singela no metrô de BH

A proposta de implantação da linha singela na extensão final da Linha 2 do metrô de Belo Horizonte foi o tema de uma reunião entre representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra).

A Linha 2 do metrô da capital tem previsão de 10,5 km com sete novas estações e está em construção desde setembro de 2024. Contudo, as empresas Metrô BH e MRS Logística, que opera um pátio ferroviário no bairro Barreiro, propuseram que o trecho entre as estações Ferrugem e Barreiro — cerca de 2 km — seja implementado como linha singela, ou seja, um único trilho para os dois sentidos de circulação.

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A justificativa envolve restrições operacionais da MRS e a ocupação de suas áreas de manobra.

A medida, no entanto, tem causado questionamentos, especialmente entre os usuários do transporte por trilhos na cidade. Segundo o secretário‑geral do Sindimetro MG, Daniel Carvalho, o governo estadual não tem todas as informações sobre o projeto em mãos. Após a reunião, o sindicato afirmou que sai “muito preocupado”, por não ter acesso aos estudos técnicos completos das empresas.

“O governo do Estado ficou de apresentar uma documentação quando esse estudo de impacto ficar pronto pelas empresas. Eles salientaram que o projeto de via singela ainda não está aceito, que está carente desse tipo de estudo, mas, na visão do sindicato, o que a gente entende é que ele não pode ser, de forma alguma, implantado”, disse.

O projeto original previa linha dupla em sistema “carrossel”, e segundo Daniel, essa deveria ser a solução mantida, com repactuação contratual em caso de mudanças.

“Se existem fatores que vão obstruir isso, aí o governo do Estado, o governo federal, a Metrô BH, a MRS e os tribunais de contas devem sentar e repactuar esse contrato. A população não pode sofrer, assim como as famílias também estão sendo desapropriadas”, disse.

A deputada Bella Gonçalves revelou que foi agendada uma visita técnica ao pátio da MRS no dia 21 de agosto, com intuito de verificar os argumentos que complicariam a implantação da via dupla nesse trecho — tais como desapropriações, remoção de famílias e ajustes da balança ferroviária no pátio.

“Após esse período o Governo do Estado vai analisar e dizer se aceita ou não uma linha singela. Da nossa parte estamos envolvendo também o Governo Federal nessa decisão. É importante dizer que o recurso de R$ 3,2 bilhões investidos na expansão do metrô, na compra de novos vagões, na reforma das estações veio principalmente do Governo Federal. 2,8 bilhões de reais veio do Governo Federal e 400 milhões veio do Acordo da Vale. Portanto o Governo do Estado diretamente não colocou nenhum real na expansão do metrô, mas é ele hoje o gestor do contrato”, disse.

O Metrô BH, concessionária que administra o transporte por trilhos em BH, ainda não se manifestou sobre o assunto.

Seinfra diz que não autorizou linha singela

Em nota enviada à Itatiaia, a Seinfra afirmou que ainda não autorizou a construção da linha singela e aguarda a apresentação completa dos estudos técnicos pela concessionária e pela MRS Logística. A análise da proposta, segundo a pasta, será criteriosa para garantir a qualidade do serviço.

Confira a nota completa:

“A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) reitera que não autorizou a implantação da linha singela no trecho final da Linha 2 do metrô de Belo Horizonte e que ainda aguarda a apresentação completa dos estudos técnicos por parte da concessionária Metrô BH e da empresa MRS Logística S.A.

A proposta de linha singela entre as estações Ferrugem e Barreiro, que corresponde a cerca de 2 km dos 10,5 km totais da Linha 2, está em fase de análise pelo Governo de Minas. A Seinfra já solicitou à concessionária a entrega de estudos que comprovem a viabilidade da solução, assegurando o cumprimento de todos os indicadores de desempenho previstos em contrato e a qualidade do serviço prestado à população. Até o momento, esses estudos não foram integralmente apresentados.

A análise do trecho em questão não compromete a implantação da Linha 2 como um todo, nem implica em redução do número de estações previstas. Também não altera o intervalo máximo de 15 minutos entre composições, parâmetro estabelecido em contrato. Qualquer solução técnica proposta não pode comprometer esse intervalo nem os demais indicadores de desempenho.

Caso a proposta da linha singela venha a ser tecnicamente viável, a concessionária não terá lucro adicional com a mudança, e o Estado será desonerado em valor a ser definido.

A estimativa é que cerca de 1.100 pessoas utilizem a Estação Barreiro por hora no pico, o que reforça a necessidade de uma análise criteriosa de qualquer alteração no projeto original.

Por fim, cabe contextualizar que os estudos da concessão do metrô foram elaborados pelo BNDES, e desde a estruturação do projeto foi identificada a necessidade de compatibilizar a futura Linha 2 com o pátio ferroviário da MRS Logística S.A. na região. Esse ponto foi objeto de análise técnica, inclusive com participação do Tribunal de Contas da União (TCU)”.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.