Prefeitura de cidade mineira corta salário de vice-prefeito que ‘sumiu’ após investigação por corrupção

Em nota, o Executivo municipal pontua que não houve apresentação de comunicação oficial à administração pública, nem há previsão de retorno

Vice-prefeito de Itaúna, Hidelbrando Canabrava Rodrigues Neto (PL), está “desaparecido”

Alvo da Operação Rejeito e investigado por corrupção, o vice-prefeito de Itaúna, na região Central de Minas Gerais, Hidelbrando Canabrava Rodrigues Neto (PL), está “desaparecido” desde o dia 15 de setembro de 2025, dois dias antes da ação da Polícia Federal ser deflagrada.

O “sumiço” do vice-prefeito fez com que a prefeitura cortasse o salário do político, de R$ 15.543,67, em resposta à ausência e ao impedimento do “exercício regular das funções públicas que lhe são atribuídas por força do cargo que ocupa”.

Em nota, o Executivo municipal pontua que não houve apresentação de comunicação oficial à administração pública, nem há previsão de retorno.

Não foi especificado onde o vice-prefeito estaria, mas fontes ligadas à Operação Rejeito afirmam que ele viajou aos Estados Unidos na véspera da ação da PF. Ele teria adiado o retorno ao Brasil por uma vez, e ainda está no rol de investigados.

Conforme documentos da investigação, Hidelbrando Neto é acusado de integrar a organização criminosa e de se associar a outros suspeitos na sociedade de empresas envolvidas no esquema.

A Polícia Federal obteve acesso a mensagens trocadas por meio de um aplicativo de mensagens onde o investigado discute atividades ilícitas de atuação em corrupção para comprar licenças ambientais.

“Diante desse cenário, o Poder Executivo, em estrita observância aos princípios constitucionais da legalidade, moralidade, eficiência e transparência, conforme previsto no caput do art. 37 da Constituição Federal, adotou medida de caráter preventivo e cautelar, determinando a suspensão do pagamento do subsídio mensal ao Vice-Prefeito, até que sua situação funcional seja regularizada”, pontua.

A prefeitura justifica o corte no salário com o pressuposto de que o efetivo exercício das funções públicas “também decorre do princípio da contraprestação”. “Portanto, a ausência prolongada e não justificada do exercício do mandato configura motivação legítima, legal, respeitosa e preventiva para a suspensão do referido pagamento”, pontua.

A medida adotada tem efeito a partir do último dia 1º, data quando o prazo legal para ausência não justificada do agente político foi alcançado.

Apesar das decisões, o Executivo municipal pontua que “não se trata de um processo investigativo” e que Hidelbrando possui “direito de defesa e contraditório”. “A atual gestão reafirma seu compromisso com a legalidade, a ética pública e a transparência, e continuará atenta ao fiel cumprimento das normas constitucionais e administrativas”, completa o texto.

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Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.

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